[Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
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Vince
Eu João
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[Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Tópico da Crónica do forista Paulo Andrade, que pode ser lida também no Site do Fantastic.
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Última edição por Eu João em Sáb 13 Mar 2010 - 12:40, editado 1 vez(es)
Eu João- Membro
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1ª Crónica - Austrália
ZAPEANDO PELO MUNDO
Sejam bem-vindos a bordo, espero que apreciem cada jornada desta viagem.
Vou começar pela apresentação de alguns dos principais mercados de televisão, que serão certamente o foco das minhas crónicas.
O nosso primeiro destino é a Austrália, país considerado por muitos os antípodas de Portugal, embora o verdadeiro antípoda de Portugal seja a Nova Zelândia. No entanto, no que à televisão diz respeito estes não poderiam ser mais opostos.
Os australianos (já agora os neozelandeses também) podem assistir a uma programação variada não precisando sequer mudar de canal, já que os cinco canais em sinal aberto: ABC e SBS (públicos) e Seven, Nine e Ten (privados), oferecem ao longo do dia e em particular no horário nobre (18:00-00:00) programas de informação, humor, entretenimento, ficção, etc. Por esta razão, este mercado é um dos que mais aprecio e a meu ver deveria servir de exemplo e inspiração para os nossos responsáveis de programação. Pois, o que em Portugal se tornou um sonho, na Austrália é uma realidade a cinco dimensões.
No entanto, também existem algumas semelhanças e paralelismos. Por exemplo, a dependência em relação aos Estados Unidos e Reino Unido em relação à ficção é comparável à nossa dependência em relação ao Brasil (Importância em queda em ambos). O que dizer também da pouca penetração da televisão por cabo que ronda os valores nacionais ou ainda o facto de as televisões públicas conservarem um papel de peso no bolo das audiências (ABC 14% e SBS 4,8%, valores de 2009 para o horário nobre).
O que nos leva a concluir que por mais distintos que possam ser dois mercados televisivos, existirão sempre pontos em comum. É este princípio de universalidade que permite o intercâmbio de ideias e formatos que mantêm a dinâmica das ofertas televisivas e permitem a contínua batalha pelo domínio das audiências.
Prova disso mesmo são formatos internacionais como Ídolos, Aqui Há Talento ou Dança Comigo, sucessos em ambos os países.
Existem ainda bons formatos de origem australiana que poderiam ser adaptados com sucesso pelas televisões nacionais, no entanto, isso não tem acontecido, e o último exemplo não foi um caso a seguir. Estou a falar do Ainda Bem Que Apareceste, que a meu ver falhou por culpa da estação desde a maneira como o produziu até à maneira como o exibiu.
Actualmente, destacam-se os seguintes formatos: Masterchef Australia (3º programa mais visto dos últimos 10 anos com mais de 3,5 milhões de espectadores a assistirem à final), Talkin'Bout Your Generation, Kath and Kim, Packed to The Rafters, The Gruen Transfer, Spicks and Specks, The Chaser's War On Everything, Summer Heights High, The Block, 20 to 1, Where Are They Now? e ainda os diversos programas de TV realidade como Border Security ou Find My Family.
Espero que a temporada 2010 que começou este mês traga boas novidades a este nível, pois cá estarei para trazê-las em primeira mão até vós.
E como o texto já vai longo, hoje ficamos por aqui. Não perca a próxima edição de Fora do Ar para descobrir qual o próximo destino. Prometo desde já mais conteúdo e algumas surpresas. Encaremos esta primeira crónica como um pequeno aquecimento do que vem por ai.
Fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam de zapear sempre que possam, pois nunca se sabe o que vão descobrir!
Por Paulo Andrade
Sejam bem-vindos a bordo, espero que apreciem cada jornada desta viagem.
Vou começar pela apresentação de alguns dos principais mercados de televisão, que serão certamente o foco das minhas crónicas.
O nosso primeiro destino é a Austrália, país considerado por muitos os antípodas de Portugal, embora o verdadeiro antípoda de Portugal seja a Nova Zelândia. No entanto, no que à televisão diz respeito estes não poderiam ser mais opostos.
Os australianos (já agora os neozelandeses também) podem assistir a uma programação variada não precisando sequer mudar de canal, já que os cinco canais em sinal aberto: ABC e SBS (públicos) e Seven, Nine e Ten (privados), oferecem ao longo do dia e em particular no horário nobre (18:00-00:00) programas de informação, humor, entretenimento, ficção, etc. Por esta razão, este mercado é um dos que mais aprecio e a meu ver deveria servir de exemplo e inspiração para os nossos responsáveis de programação. Pois, o que em Portugal se tornou um sonho, na Austrália é uma realidade a cinco dimensões.
No entanto, também existem algumas semelhanças e paralelismos. Por exemplo, a dependência em relação aos Estados Unidos e Reino Unido em relação à ficção é comparável à nossa dependência em relação ao Brasil (Importância em queda em ambos). O que dizer também da pouca penetração da televisão por cabo que ronda os valores nacionais ou ainda o facto de as televisões públicas conservarem um papel de peso no bolo das audiências (ABC 14% e SBS 4,8%, valores de 2009 para o horário nobre).
O que nos leva a concluir que por mais distintos que possam ser dois mercados televisivos, existirão sempre pontos em comum. É este princípio de universalidade que permite o intercâmbio de ideias e formatos que mantêm a dinâmica das ofertas televisivas e permitem a contínua batalha pelo domínio das audiências.
Prova disso mesmo são formatos internacionais como Ídolos, Aqui Há Talento ou Dança Comigo, sucessos em ambos os países.
Existem ainda bons formatos de origem australiana que poderiam ser adaptados com sucesso pelas televisões nacionais, no entanto, isso não tem acontecido, e o último exemplo não foi um caso a seguir. Estou a falar do Ainda Bem Que Apareceste, que a meu ver falhou por culpa da estação desde a maneira como o produziu até à maneira como o exibiu.
Actualmente, destacam-se os seguintes formatos: Masterchef Australia (3º programa mais visto dos últimos 10 anos com mais de 3,5 milhões de espectadores a assistirem à final), Talkin'Bout Your Generation, Kath and Kim, Packed to The Rafters, The Gruen Transfer, Spicks and Specks, The Chaser's War On Everything, Summer Heights High, The Block, 20 to 1, Where Are They Now? e ainda os diversos programas de TV realidade como Border Security ou Find My Family.
Espero que a temporada 2010 que começou este mês traga boas novidades a este nível, pois cá estarei para trazê-las em primeira mão até vós.
E como o texto já vai longo, hoje ficamos por aqui. Não perca a próxima edição de Fora do Ar para descobrir qual o próximo destino. Prometo desde já mais conteúdo e algumas surpresas. Encaremos esta primeira crónica como um pequeno aquecimento do que vem por ai.
Fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam de zapear sempre que possam, pois nunca se sabe o que vão descobrir!
Por Paulo Andrade
Eu João- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
E é curioso como alguns destes produtos australianos ganham espaço nos canais americanos. As formulas parecem funcionar pelo menos a nível de entretenimento, na ficção é que parece ainda estarem um pouco verdes.
Vince- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Epá, não sabia que havia tópico para comentar.
Paulo Andrade- Membro
- Mensagens : 8318
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Gostei. Mas gosto mais de ler o Paulo falar sobre "realidades" mais próximas.
Jnpc- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Eu acho que está muito boa, ainda por cima numa primeira crónica.
Eu João- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
2ª Crónica FORA DO AR: Não há dinheiro! (I)
Na crónica desta semana interrompemos a nossa viagem pelo mundo e regressamos a casa. Na próxima semana zarparemos com destino à América Latina. Até lá, contentemo-nos com a (triste) realidade nacional, sobre a qual digo já... não gosto muito de falar, pois é-nos servido mais do mesmo, não só na oferta televisiva como nos problemas que nos afectam dia após dia, ano após ano, e por aí fora. Ou seja, não existe evolução, o que neste meio é o equivalente à morte!
...
No entanto, com alguma relutância aqui vou eu...
Nos últimos anos, instalou-se um verdadeiro flagelo na televisão portuguesa, o paradigma: “Não há dinheiro!”, que serve como justificação para quase tudo, até para a incompetência.
O problema é que o prolongar desta situação tem levado a que cada vez mais se esbata a fronteira entre o que é provocado pela falta de dinheiro e o que é provocado pela incompetência, gerando uma grande confusão na cabeça de todos, nomeadamente, entre os responsáveis máximos das nossas televisões toldando o seu discernimento. Fatalmente (para nós espectadores), nenhuma estação de televisão escapa. Embora pareça um julgamento muito duro da minha parte, não o é, como verão em seguida!
Claro que no cerne desta questão estão os directores de programas, responsáveis máximos pela programação da nossas televisão, e depois destes os presidentes das estações, que têm a decisão final no que toca à continuidade das políticas e estratégias adoptadas, o mesmo será dizer a continuidade em funções dos respectivos directores de programação.
Comecemos pela RTP1, o primeiro canal de Portugal e o porta-bandeira do serviço público. Esta última condição geralmente leva a um agravamento da sentença sobre a actuação do seu director de programas.
Para falar da RTP1 convém primeiro esclarecer um pouco da minha visão sobre serviço público. A meu ver, o serviço público de televisão deve ser realizado por dois canais, como acontece actualmente, um canal mais abrangente e outro canal mais segmentado. Caso contrário, se quiséssemos encaixar tudo num só canal teríamos algo completamente esquizofrénico e muito difícil de assistir. Pois, um dos factores mais importantes numa programação é a sua coesão e conexão entre programas. Não se pode criar uma manta de retalhos e esperar que esta assente bem!
Por outro lado, sou defensor da continuidade da publicidade na RTP1, e a meu ver deveria ser estendida à RTP2 embora com metade da duração, pois são canais geralmente assistidos por públicos diferentes, complementando-se. Convém destacar que isto seria positivo para os anunciantes e para o mercado.
Embora defenda a existência do serviço público de televisão, não o considero um serviço essencial a ser prestado pelo estado e uma vez que se insere num sector de actividade rentável, deve tender para a auto-suficiência, reduzindo-se ao mínimo o seu impacto nas contas públicas.
Para os opositores que a acusam de concorrência desleal pelo duplo financiamento, pergunto se queriam que a RTP1 transmitisse o máximo de publicidade permitido por lei ou a concorrência de outra estação privada; ou se o que realmente têm em mente é uma situação de duopólio, pois o mercado de publicidade seria basicamente dividido entre SIC e TVI?? E ainda aqueles que pensam que as (parcas) receitas da RTP1 seriam absorvidas na integra pelos privados, salivando por isso, sempre que se fala sobre o seu desaparecimento da estação pública, esquecem-se entre muitas coisas, que a maioria dos anunciantes é “obrigado” a publicitar na RTP1 para marcar presença nos 3 principais canais. Caso a RTP1 deixasse de transmitir publicidade esse dinheiro simplesmente seria poupado e não deslocado para as privadas. A receita adicional que esta medida iria provocar na SIC e TVI seria praticamente nula, pois o problema do mercado publicitário não se prende com questões concorrenciais, mas antes com estratégias de captação de anunciantes e de opções de programação (Faltam programas de relevo que os anunciantes se possam associar, isto é, investir o seu dinheiro), que sem mais demoras passo a demonstrar.
No que toca à RTP1, segundo algumas pessoas esta até tem dinheiro a mais, o que entra em contra-senso com o tema desta crónica. Mas quando olhamos para o orçamento da RTP1, e não para o da RTP, vemos que os valores não são tão diferentes dos dispendidos pelas duas privadas, e se pensarmos que apesar de tudo a programação da RTP1 exige maior esforço pela quantidade/variedade de programas transmitidos percebe-se o porquê do valor ser ligeiramente mais elevado.
A meu ver apesar de alguma variedade na programação esta encontra-se bem longe do aconselhável, e o pior de tudo é que não se tem verificado qualquer evolução positiva a este nível. E também não existem indícios de que se vá alterar a médio prazo.
Um outro problema, é a falta de qualidade da oferta da RTP1, o que é mais grave do que o ponto anterior, porque sempre era preferível “poucos mas bons(programas)". E não pensem que quando digo isto estou a pensar em programas “eruditos”. Não, estou a pensar em programas para as massas mas com formatos inovadores, criativos e bem produzidos e realizados.
Basta ver, os mais recentes exemplos na área do entretenimento: Olha Quem Dança!, O Último Passageiro e Família/Família, de uma pobreza de formato e desprovidos de qualquer interesse que deveria envergonhar qualquer representante de um serviço público. E mais uma vez será uma linha para continuar com as estreias anunciadas de Super Miúdos e O Cubo.
O mesmo acontece na ficção. Não existe qualquer critério na escolha dos projectos, as temporadas são encomendadas sem qualquer teste à opinião do espectador, como se este nem fosse o factor chave nesta equação televisiva. Vemos sucederem-se projectos a vulso, sem qualquer linha orientadora, com histórias que não se demarcam do exibido pelas televisões privadas e que pouco contribuem para a evolução deste sector. Uma rara excepção é a série "Conta-me Como Foi".
Mas se acham que a situação não poderia ficar pior, quando olhamos para o tratamento dado a este tipo de produto, mudamos logo de opinião. Parece que estão condenados a serem emitidos a seguir a um programa qualquer de informação que corta logo pela metade as chances de serem bem sucedidos, aparentemente não são dignos de serem emitidos a seguir ao Telejornal, isto é, na “hora de ouro” da RTP1, e mais uma vez quando poderia ser alternativa à oferta da SIC e TVI cuja ficção geralmente começa mais tarde.
E o mal continua na informação, muitas vezes considerada a “menina dos olhos” da RTP. Os programas extra noticiários, são o elemento que faz a diferença e é neste que uma informação se destaca e evidencia as suas mais-valias.
O problema é que na RTP1 estes espaços penalizam e muito a avaliação da sua informação. Existe um excesso de formatos, certamente que a estratégia de colocar um mini-programa deste género diariamente após o Telejornal é uma das razões, pouco desenvolvidos e acima de tudo pouco actuais, feitos à imagem e semelhança da televisão dos anos 90 ou mesmo 80.
Não existe qualquer ponta de inovação e criatividade, e por isso, sou levado a duvidar da capacidade da informação da RTP. O “Prós e Contras” é o representante máximo de tudo o que a informação da RTP tem de pior, mas naturalmente não está sozinho, porque retirando os noticiários os seus programas de informação especializada acrescentam muito pouco.
Por fim, e para encerrar a lista de problemas da RTP1, chegamos à programação estrangeira, nomeadamente filmes, séries e sitcoms. Mais uma vez não existe cuidado na selecção deste conteúdo. Em primeiro lugar o cinema ocupa pouco espaço na programação e os filmes exibidos acusam em demasia a idade e o desgaste pela repetição, nas séries por aparecerem sempre deslocadas nos horários em que são colocadas e também pelas escolhas feitas que são muito duvidosas (Alerta Cobra??!), e quanto às sitcoms esta simplesmente não existem. Mas não existem estrangeiras nem portuguesas. Curiosamente, não existem sitcoms nacionais na televisão. E isto tudo sem contar com a irregularidade dos horários quer seja das séries (Sangue Fresco foi o exemplo máximo) quer seja das sessões de cinema.
Com tudo isto, percebe-se que o problema não é a falta de dinheiro, mas sim aonde e como o dinheiro é gasto. Se este é mal aplicado, é normal que não surjam resultados, ou que estes não sejam positivos. Não se pode plantar cebolas e esperar que cresçam tulipas.
E se o agricultor não percebe isso, então é melhor arrumar as botas e pousar a enxada.
Hoje ficamos por aqui, numa próxima oportunidade abordarei a situação da RTP2, SIC e TVI, que apesar de tudo não são muito diferentes. O que até dá que pensar...
Como sempre, fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam de sintonizar na frequência certa para evitar a ocorrência de chuva!
Por Paulo Andrade
Na crónica desta semana interrompemos a nossa viagem pelo mundo e regressamos a casa. Na próxima semana zarparemos com destino à América Latina. Até lá, contentemo-nos com a (triste) realidade nacional, sobre a qual digo já... não gosto muito de falar, pois é-nos servido mais do mesmo, não só na oferta televisiva como nos problemas que nos afectam dia após dia, ano após ano, e por aí fora. Ou seja, não existe evolução, o que neste meio é o equivalente à morte!
...
No entanto, com alguma relutância aqui vou eu...
Nos últimos anos, instalou-se um verdadeiro flagelo na televisão portuguesa, o paradigma: “Não há dinheiro!”, que serve como justificação para quase tudo, até para a incompetência.
O problema é que o prolongar desta situação tem levado a que cada vez mais se esbata a fronteira entre o que é provocado pela falta de dinheiro e o que é provocado pela incompetência, gerando uma grande confusão na cabeça de todos, nomeadamente, entre os responsáveis máximos das nossas televisões toldando o seu discernimento. Fatalmente (para nós espectadores), nenhuma estação de televisão escapa. Embora pareça um julgamento muito duro da minha parte, não o é, como verão em seguida!
Claro que no cerne desta questão estão os directores de programas, responsáveis máximos pela programação da nossas televisão, e depois destes os presidentes das estações, que têm a decisão final no que toca à continuidade das políticas e estratégias adoptadas, o mesmo será dizer a continuidade em funções dos respectivos directores de programação.
Comecemos pela RTP1, o primeiro canal de Portugal e o porta-bandeira do serviço público. Esta última condição geralmente leva a um agravamento da sentença sobre a actuação do seu director de programas.
Para falar da RTP1 convém primeiro esclarecer um pouco da minha visão sobre serviço público. A meu ver, o serviço público de televisão deve ser realizado por dois canais, como acontece actualmente, um canal mais abrangente e outro canal mais segmentado. Caso contrário, se quiséssemos encaixar tudo num só canal teríamos algo completamente esquizofrénico e muito difícil de assistir. Pois, um dos factores mais importantes numa programação é a sua coesão e conexão entre programas. Não se pode criar uma manta de retalhos e esperar que esta assente bem!
Por outro lado, sou defensor da continuidade da publicidade na RTP1, e a meu ver deveria ser estendida à RTP2 embora com metade da duração, pois são canais geralmente assistidos por públicos diferentes, complementando-se. Convém destacar que isto seria positivo para os anunciantes e para o mercado.
Embora defenda a existência do serviço público de televisão, não o considero um serviço essencial a ser prestado pelo estado e uma vez que se insere num sector de actividade rentável, deve tender para a auto-suficiência, reduzindo-se ao mínimo o seu impacto nas contas públicas.
Para os opositores que a acusam de concorrência desleal pelo duplo financiamento, pergunto se queriam que a RTP1 transmitisse o máximo de publicidade permitido por lei ou a concorrência de outra estação privada; ou se o que realmente têm em mente é uma situação de duopólio, pois o mercado de publicidade seria basicamente dividido entre SIC e TVI?? E ainda aqueles que pensam que as (parcas) receitas da RTP1 seriam absorvidas na integra pelos privados, salivando por isso, sempre que se fala sobre o seu desaparecimento da estação pública, esquecem-se entre muitas coisas, que a maioria dos anunciantes é “obrigado” a publicitar na RTP1 para marcar presença nos 3 principais canais. Caso a RTP1 deixasse de transmitir publicidade esse dinheiro simplesmente seria poupado e não deslocado para as privadas. A receita adicional que esta medida iria provocar na SIC e TVI seria praticamente nula, pois o problema do mercado publicitário não se prende com questões concorrenciais, mas antes com estratégias de captação de anunciantes e de opções de programação (Faltam programas de relevo que os anunciantes se possam associar, isto é, investir o seu dinheiro), que sem mais demoras passo a demonstrar.
No que toca à RTP1, segundo algumas pessoas esta até tem dinheiro a mais, o que entra em contra-senso com o tema desta crónica. Mas quando olhamos para o orçamento da RTP1, e não para o da RTP, vemos que os valores não são tão diferentes dos dispendidos pelas duas privadas, e se pensarmos que apesar de tudo a programação da RTP1 exige maior esforço pela quantidade/variedade de programas transmitidos percebe-se o porquê do valor ser ligeiramente mais elevado.
A meu ver apesar de alguma variedade na programação esta encontra-se bem longe do aconselhável, e o pior de tudo é que não se tem verificado qualquer evolução positiva a este nível. E também não existem indícios de que se vá alterar a médio prazo.
Um outro problema, é a falta de qualidade da oferta da RTP1, o que é mais grave do que o ponto anterior, porque sempre era preferível “poucos mas bons(programas)". E não pensem que quando digo isto estou a pensar em programas “eruditos”. Não, estou a pensar em programas para as massas mas com formatos inovadores, criativos e bem produzidos e realizados.
Basta ver, os mais recentes exemplos na área do entretenimento: Olha Quem Dança!, O Último Passageiro e Família/Família, de uma pobreza de formato e desprovidos de qualquer interesse que deveria envergonhar qualquer representante de um serviço público. E mais uma vez será uma linha para continuar com as estreias anunciadas de Super Miúdos e O Cubo.
O mesmo acontece na ficção. Não existe qualquer critério na escolha dos projectos, as temporadas são encomendadas sem qualquer teste à opinião do espectador, como se este nem fosse o factor chave nesta equação televisiva. Vemos sucederem-se projectos a vulso, sem qualquer linha orientadora, com histórias que não se demarcam do exibido pelas televisões privadas e que pouco contribuem para a evolução deste sector. Uma rara excepção é a série "Conta-me Como Foi".
Mas se acham que a situação não poderia ficar pior, quando olhamos para o tratamento dado a este tipo de produto, mudamos logo de opinião. Parece que estão condenados a serem emitidos a seguir a um programa qualquer de informação que corta logo pela metade as chances de serem bem sucedidos, aparentemente não são dignos de serem emitidos a seguir ao Telejornal, isto é, na “hora de ouro” da RTP1, e mais uma vez quando poderia ser alternativa à oferta da SIC e TVI cuja ficção geralmente começa mais tarde.
E o mal continua na informação, muitas vezes considerada a “menina dos olhos” da RTP. Os programas extra noticiários, são o elemento que faz a diferença e é neste que uma informação se destaca e evidencia as suas mais-valias.
O problema é que na RTP1 estes espaços penalizam e muito a avaliação da sua informação. Existe um excesso de formatos, certamente que a estratégia de colocar um mini-programa deste género diariamente após o Telejornal é uma das razões, pouco desenvolvidos e acima de tudo pouco actuais, feitos à imagem e semelhança da televisão dos anos 90 ou mesmo 80.
Não existe qualquer ponta de inovação e criatividade, e por isso, sou levado a duvidar da capacidade da informação da RTP. O “Prós e Contras” é o representante máximo de tudo o que a informação da RTP tem de pior, mas naturalmente não está sozinho, porque retirando os noticiários os seus programas de informação especializada acrescentam muito pouco.
Por fim, e para encerrar a lista de problemas da RTP1, chegamos à programação estrangeira, nomeadamente filmes, séries e sitcoms. Mais uma vez não existe cuidado na selecção deste conteúdo. Em primeiro lugar o cinema ocupa pouco espaço na programação e os filmes exibidos acusam em demasia a idade e o desgaste pela repetição, nas séries por aparecerem sempre deslocadas nos horários em que são colocadas e também pelas escolhas feitas que são muito duvidosas (Alerta Cobra??!), e quanto às sitcoms esta simplesmente não existem. Mas não existem estrangeiras nem portuguesas. Curiosamente, não existem sitcoms nacionais na televisão. E isto tudo sem contar com a irregularidade dos horários quer seja das séries (Sangue Fresco foi o exemplo máximo) quer seja das sessões de cinema.
Com tudo isto, percebe-se que o problema não é a falta de dinheiro, mas sim aonde e como o dinheiro é gasto. Se este é mal aplicado, é normal que não surjam resultados, ou que estes não sejam positivos. Não se pode plantar cebolas e esperar que cresçam tulipas.
E se o agricultor não percebe isso, então é melhor arrumar as botas e pousar a enxada.
Hoje ficamos por aqui, numa próxima oportunidade abordarei a situação da RTP2, SIC e TVI, que apesar de tudo não são muito diferentes. O que até dá que pensar...
Como sempre, fiquem em boa companhia,
E não se esqueçam de sintonizar na frequência certa para evitar a ocorrência de chuva!
Por Paulo Andrade
Eu João- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Já tinha lido. E voltei a gostar. É uma mais-valia para o site.
Jnpc- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Eu João escreveu:
E o mal continua na informação, muitas vezes considerada a “menina dos olhos” da RTP. Os programas extra noticiários, são o elemento que faz a diferença e é neste que uma informação se destaca e evidencia as suas mais-valias.
O problema é que na RTP1 estes espaços penalizam e muito a avaliação da sua informação. Existe um excesso de formatos, certamente que a estratégia de colocar um mini-programa deste género diariamente após o Telejornal é uma das razões, pouco desenvolvidos e acima de tudo pouco actuais, feitos à imagem e semelhança da televisão dos anos 90 ou mesmo 80.
Por Paulo Andrade
Nem mais!
Parabens pela rubrica!
A!- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Obrigado.
O meu problema é que tenho tanto para falar que nunca acabo por dizer tudo e mesmo assim fica um testamento que pode assustar potenciais leitores.
Espero continuar a agradar. Mas se tiverem criticas negativas estejam à vontade, pois ajudam-me a evoluir.
O meu problema é que tenho tanto para falar que nunca acabo por dizer tudo e mesmo assim fica um testamento que pode assustar potenciais leitores.
Espero continuar a agradar. Mas se tiverem criticas negativas estejam à vontade, pois ajudam-me a evoluir.
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Paulo, não fizes-te referência aos programas do bruno nogueira e do Herman José. Não achas duas apostas daquilo que a rtp1 não tem apresentado?
tome- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
A minha sugestão é para que avances com 3 crónicas por semana, mas curtas, se o teu problema é escreveres demais.
Por exemplo ao Domingo, Quarta e Sexta. É so uma sugestao, assim dirias tudo o que tens a dizer e os textos nao seriam tao grandes (não é que não se leiam bem, até pelo contrario!
O tema das 3 rubricas seria o mesmo: um por semana
Por exemplo ao Domingo, Quarta e Sexta. É so uma sugestao, assim dirias tudo o que tens a dizer e os textos nao seriam tao grandes (não é que não se leiam bem, até pelo contrario!
O tema das 3 rubricas seria o mesmo: um por semana
A!- Membro
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Data de inscrição : 07/01/2010
Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Pois eu ate pensei nisso... mas não sei se iriam aceitar...
Vou ver essa questão e pode ser que o caminho seja por aí.
"tome" quanto aos dois programas anunciados pouco se sabe, w honestamente não espera nada de bom...
Vou ver essa questão e pode ser que o caminho seja por aí.
"tome" quanto aos dois programas anunciados pouco se sabe, w honestamente não espera nada de bom...
Paulo Andrade- Membro
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Localização : Ovar
Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Crónica 4
FORA DO AR
Ser ou não ser... Líder, eis a questão!
Continuará a ser o primeiro lugar, o lugar do vencedor?
A evolução do mercado de televisão nacional na última década provocou alterações a vários niveis, incluindo na liderança das audiências.
Para compreender o Presente e antecipar o Futuro é preciso conhecer o Passado, por isso farei uma pequena retrospectiva para um melhor entendimento sobre este assunto.
Até ao princípio dos anos 90 não se discutia a questão da liderança uma vez que o mercado era detido a 100% por um único operador público.
Com a abertura à iniciativa privada cria-se uma nova dinâmica, que vem modificar por completo o panorama televisivo nacional. A partir deste momento, a audiência televisiva será dividida entre quatro canais, criando uma competição que antes não existia.
O primeiro canal público era por esta época o líder incontestável, até que a transferência de um produto, neste caso as telenovelas da TV Globo, para a privada SIC, fez com que as audiências caissem a pique, passando para o segundo lugar.
Desde Maio de 1995, altura em que a SIC assume a liderança absoluta, que a diferença entre o primeiro (SIC) e segundo (RTP1) lugares foi aumentando, restabelecendo a situação anterior de liderança esmagadora de um só canal.
Esta situação prolongou-se mais uma vez até o Outono de 2000, quando um novo género televisivo – os reality shows - invade a televisão portuguesa através mais uma vez de uma estação privada que até então mantinha-se praticamente à margem na luta pelas audiências pela falta de argumentos.
Novamente o equilíbrio foi quebrado, e a liderança das audiências voltou a mudar, desta vez para a TVI.
Embora a nova líder conquistasse uma posição absoluta no primetime, o daytime continuava a pertencer a outro canal.
No entanto, esta liderança como não era transversal a toda a grelha de programação fazia com que fosse mais susceptivel a uma investida das concorrentes. Ocorrendo períodos de passagem de testemunho entre SIC e TVI e muito ocasionalmente da própria RTP1. Passamos a ter uma liderança relativa e transferível.
Em Abril de 2005, a TVI finalmente conquista a última fronteira ao estender o seu domínio do primetime ao daytime, alcançando assim a liderança anual, e tornando-se numa líder completa.
A concorrência ia mergulhando nos seus erros e a TVI cavalgava sobre o seu sucesso ampliando a diferença. Novamente retomamos uma situação de domínio sem grande oposição.
Ao longo da década de 2000, foi surgindo um novo agente no mercado, muito discretamente e quase sem grande reacção por parte das generalistas.
No fim, da década vemos este novo player, o conjunto de canais por cabo, a influenciar fortemente as audiências, até que em Agosto de 2009 consegue atingir a liderança no principal “target” comercial, ou seja, entre o público mais apreciado e valorizado pelos anunciantes.
Actualmente, vemos o conjunto dos canais cabo a vencer ocasionalmente uma ou mais generalistas, ficando algumas vezes próximo da liderança entre todos os públicos.
Portanto, isto tudo, para dizer que passamos de um panorama de lideranças absolutistas como as conseguidas pela RTP1 no começo dos anos 90, da SIC na segunda metade dessa década e pela TVI em meados da década de 2000, para uma liderança onde todas podem ser líderes ou mesmo nenhuma delas.
Deste modo, dada a grande proximidade entre uns e outros, cada vez menos ser primeiro lugar significa ser líder. Pois pode-se vencer no somatório dos resultados, mas nas diferentes parcelas sair-se vencido pela concorrência.
Portanto, interessa redifinir o conceito de liderança para a nova década que está a começar, para que as televisões possam saber pelo quê lutar e que armas usarem. Caso contrário travarão batalhas que não levarão a vencer a guerra, e apenas conduzirão ao seu enfraquecimento podendo sucumbir de cansaço.
Dado o novo panorama televisivo mais repartido em que as lideranças transversais a toda a grelha começam a ser mais dificeis de estabelecer e sobretudo porque financeiramente já não existem meios para o fazer. O melhor será cada estação escolher algumas batalhas de onde possam sair vencedoras.
No entanto, isso não está a acontecer e por isso vemos grelhas horizontais pois é a única maneira de conseguir preencher todos os horários, todos os dias com produtos teoricamente vencedores, mas depois estes não têm os resultados aonde interessa, e também não permite explorar completamente todas as dimensões das audiências televisivas, acabando por restringir o campo de acção dos canais e a sua capacidade de atracção dos anunciantes.
O que faz com que o público e os anunciantes sejam direccionados para os canais por cabo, onde podem mais facilmente dirigir-se ao público alvo pretendido.
É sabido que as generalistas também investiram nesta plataforma e criaram os seus próprios canais, contudo os canais estrangeiros têm ganho cada vez mais peso na atribuição das receitas. Isto leva a que o dinheiro perdido pelas generalistas não seja compensado pelo dinheiro ganho pelos respectivos canais por cabo.
O caminho será uma maior verticalização da programação das televisões generalistas, para poder abranger não o maior número de espectadores, mas uma maior variedade de público possível, pois pode-se nem sempre ser líder no total, mas liderar entre um faixa de público específica, e o somatório dessas vitórias parciais acabarem por ser mais proveitosas que uma vitória global.
É preciso deixar de ver a questão da liderança como algo unidimensional, para passar a ter uma perspectiva multidimensional.
Cada estação deve procurar em cada horário qual o público mais adequado. Por exemplo, às 19 horas a RTP1 cativa essencialmente maiores de 50 anos, a TVI cativa menores de 25 anos, a SIC deve apostar num programa que consiga chamar a atenção dos espectadores entre 25 e 49 anos. Como não o tem feito não consegue alcançar uma audiência satisfatória para o canal, pois ora aposta num programa voltado para o público que está na TVI (Rebelde Way e Floribella), ora aposta para um público voltado para o que está na RTP1 (Nós por Cá). Isto é uma regra que se aplica a todos os horários.
A somar aos beneficios para as estações, temos que esta diversificação da oferta beneficiaria o telespectador que teria mais opções de escolha e com maior qualidade. Sem que esquecer que é esta falta de variedade que tem levado muitos espectadores para os canais por cabo.
Por hoje é tudo.
Fiquem em boa companhia,
A emissão retoma dentro de instantes...
Por Paulo Andrade
FORA DO AR
Ser ou não ser... Líder, eis a questão!
Continuará a ser o primeiro lugar, o lugar do vencedor?
A evolução do mercado de televisão nacional na última década provocou alterações a vários niveis, incluindo na liderança das audiências.
Para compreender o Presente e antecipar o Futuro é preciso conhecer o Passado, por isso farei uma pequena retrospectiva para um melhor entendimento sobre este assunto.
Até ao princípio dos anos 90 não se discutia a questão da liderança uma vez que o mercado era detido a 100% por um único operador público.
Com a abertura à iniciativa privada cria-se uma nova dinâmica, que vem modificar por completo o panorama televisivo nacional. A partir deste momento, a audiência televisiva será dividida entre quatro canais, criando uma competição que antes não existia.
O primeiro canal público era por esta época o líder incontestável, até que a transferência de um produto, neste caso as telenovelas da TV Globo, para a privada SIC, fez com que as audiências caissem a pique, passando para o segundo lugar.
Desde Maio de 1995, altura em que a SIC assume a liderança absoluta, que a diferença entre o primeiro (SIC) e segundo (RTP1) lugares foi aumentando, restabelecendo a situação anterior de liderança esmagadora de um só canal.
Esta situação prolongou-se mais uma vez até o Outono de 2000, quando um novo género televisivo – os reality shows - invade a televisão portuguesa através mais uma vez de uma estação privada que até então mantinha-se praticamente à margem na luta pelas audiências pela falta de argumentos.
Novamente o equilíbrio foi quebrado, e a liderança das audiências voltou a mudar, desta vez para a TVI.
Embora a nova líder conquistasse uma posição absoluta no primetime, o daytime continuava a pertencer a outro canal.
No entanto, esta liderança como não era transversal a toda a grelha de programação fazia com que fosse mais susceptivel a uma investida das concorrentes. Ocorrendo períodos de passagem de testemunho entre SIC e TVI e muito ocasionalmente da própria RTP1. Passamos a ter uma liderança relativa e transferível.
Em Abril de 2005, a TVI finalmente conquista a última fronteira ao estender o seu domínio do primetime ao daytime, alcançando assim a liderança anual, e tornando-se numa líder completa.
A concorrência ia mergulhando nos seus erros e a TVI cavalgava sobre o seu sucesso ampliando a diferença. Novamente retomamos uma situação de domínio sem grande oposição.
Ao longo da década de 2000, foi surgindo um novo agente no mercado, muito discretamente e quase sem grande reacção por parte das generalistas.
No fim, da década vemos este novo player, o conjunto de canais por cabo, a influenciar fortemente as audiências, até que em Agosto de 2009 consegue atingir a liderança no principal “target” comercial, ou seja, entre o público mais apreciado e valorizado pelos anunciantes.
Actualmente, vemos o conjunto dos canais cabo a vencer ocasionalmente uma ou mais generalistas, ficando algumas vezes próximo da liderança entre todos os públicos.
Portanto, isto tudo, para dizer que passamos de um panorama de lideranças absolutistas como as conseguidas pela RTP1 no começo dos anos 90, da SIC na segunda metade dessa década e pela TVI em meados da década de 2000, para uma liderança onde todas podem ser líderes ou mesmo nenhuma delas.
Deste modo, dada a grande proximidade entre uns e outros, cada vez menos ser primeiro lugar significa ser líder. Pois pode-se vencer no somatório dos resultados, mas nas diferentes parcelas sair-se vencido pela concorrência.
Portanto, interessa redifinir o conceito de liderança para a nova década que está a começar, para que as televisões possam saber pelo quê lutar e que armas usarem. Caso contrário travarão batalhas que não levarão a vencer a guerra, e apenas conduzirão ao seu enfraquecimento podendo sucumbir de cansaço.
Dado o novo panorama televisivo mais repartido em que as lideranças transversais a toda a grelha começam a ser mais dificeis de estabelecer e sobretudo porque financeiramente já não existem meios para o fazer. O melhor será cada estação escolher algumas batalhas de onde possam sair vencedoras.
No entanto, isso não está a acontecer e por isso vemos grelhas horizontais pois é a única maneira de conseguir preencher todos os horários, todos os dias com produtos teoricamente vencedores, mas depois estes não têm os resultados aonde interessa, e também não permite explorar completamente todas as dimensões das audiências televisivas, acabando por restringir o campo de acção dos canais e a sua capacidade de atracção dos anunciantes.
O que faz com que o público e os anunciantes sejam direccionados para os canais por cabo, onde podem mais facilmente dirigir-se ao público alvo pretendido.
É sabido que as generalistas também investiram nesta plataforma e criaram os seus próprios canais, contudo os canais estrangeiros têm ganho cada vez mais peso na atribuição das receitas. Isto leva a que o dinheiro perdido pelas generalistas não seja compensado pelo dinheiro ganho pelos respectivos canais por cabo.
O caminho será uma maior verticalização da programação das televisões generalistas, para poder abranger não o maior número de espectadores, mas uma maior variedade de público possível, pois pode-se nem sempre ser líder no total, mas liderar entre um faixa de público específica, e o somatório dessas vitórias parciais acabarem por ser mais proveitosas que uma vitória global.
É preciso deixar de ver a questão da liderança como algo unidimensional, para passar a ter uma perspectiva multidimensional.
Cada estação deve procurar em cada horário qual o público mais adequado. Por exemplo, às 19 horas a RTP1 cativa essencialmente maiores de 50 anos, a TVI cativa menores de 25 anos, a SIC deve apostar num programa que consiga chamar a atenção dos espectadores entre 25 e 49 anos. Como não o tem feito não consegue alcançar uma audiência satisfatória para o canal, pois ora aposta num programa voltado para o público que está na TVI (Rebelde Way e Floribella), ora aposta para um público voltado para o que está na RTP1 (Nós por Cá). Isto é uma regra que se aplica a todos os horários.
A somar aos beneficios para as estações, temos que esta diversificação da oferta beneficiaria o telespectador que teria mais opções de escolha e com maior qualidade. Sem que esquecer que é esta falta de variedade que tem levado muitos espectadores para os canais por cabo.
Por hoje é tudo.
Fiquem em boa companhia,
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Por Paulo Andrade
Última edição por Eu João em Sáb 3 Abr 2010 - 15:28, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Aumentar tamanho da letra)
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
FORA DO AR: Maré vazia!
“Na televisão nada de cria, tudo se copia”
Frase célebre que traduz na perfeição o modo de funcionamento do mercado televisivo em qualquer lugar do globo.
Em televisão a criatividade e originalidade são verdadeiramente raros, ocorrendo muito esporadicamente o aparecimento de algo novo e inovador, levando a que na maioria das vezes se recorra à reciclagem de conceitos e formatos.
Esta limitação criativa de cada mercado interno é ultrapassada pela importação de formatos do mercado televisivo global.
No entanto, em Portugal esta dinâmica de importação e exportação de ideias não funciona convenientemente.
Em primeiro lugar, a importação de novos formatos é muito reduzida, levando a que Portugal fica à margem de muitas tendências mundiais a este nível.
Em segundo lugar, a exportação de ideias consegue registar uma performance ainda pior sendo praticamente nula.
Isto leva a que o mercado português seja dos que menos se desenvolvem, sofrendo de uma grande inércia e letargia que apenas prolonga e acentua os problemas de que padece o nosso mercado.
Este fracasso comercial deve-se aos operadores televisivos e às produtoras nacionais.
Os operadores televisivos têm culpa pois têm insistido em grelhas de programas horizontais e quase monotemáticas, deixando pouco espaço para novos conteúdos. É um absurdo que as duas estações privadas possuam um horário nobre preenchido quase na totalidade por ficção (novelas) e informação. E mesmo dentro destes dois géneros a exploração de novas fórmulas é algo que não acontece.
Por outro lado, temos as produtoras, em número excessivo, de pequena dimensão, incapazes de apresentarem às televisões formatos próprios.
Ficando à espera que sejam sempre as televisões a tomarem a iniciativa.
E se isto não fosse o suficiente, vimos estas virem muitas vezes a praça pública reivindicarem que as televisões deviam encomendarem mais programas, sendo normalmente a RTP o alvo principal. Pois, pelos vistos o seu estatuto de televisão pública segundo os proprietários das produtoras é assegurar a sua existência, não interessando as necessidades do operador, esquecendo-se das leis de mercado da procura e da oferta.
Uma produtora para se manter no activo deve ser proactiva, criadora de formatos próprios, dinamizando o mercado onde se insere. Só assim poderá apresentar a solidez necessária para empreender uma actividade saudável no nosso país e aventurar-se nos mercados internacionais, onde poderia ter rentabilidade acrescida.
Vemos que mesmo naquilo que alguns dizem que somos bons, estou a falar das telenovelas, conseguem penetrar nos mercados externos. Certamente os pontos que referi anteriormente estarão na base desta dificuldade e deveriam ser corrigidos o mais brevemente possível.
Na falta de ideias próprias parece que nem aproveitarem o que fazem lá por fora acontece mais. Basta ver que os canais abertos em Portugal continuam ano após ano com os mesmos problemas e tentando ressolvê-los com as mesmas soluções falhadas, ao invés de procurarem inspiração noutros mercados, tentando algo que pode ser cópia, mas que por cá não deixa de ser novidade.
Esta situação de decadência da oferta televisiva dos canais abertos tem levado a uma verdadeira migração de espectadores para os canais por cabo. E isto acontece mais pela falta de apelo/atractividade dos canais generalistas do que pelo interesse na programação daqueles canais. Basta ver que quando a SIC e TVI por exemplo, apresentam conteúdos apelativos a cota dos canais cabos reduz-se significativamente.
Continuarão os canais generalistas mergulhados no sua autocomiserção deixando os canais cabo conquistarem cada vez mais mercado, ou irão finalmente reagir e mudar o rumo dos acontecimentos?
Fiquem em boa companhia!
“Na televisão nada de cria, tudo se copia”
Frase célebre que traduz na perfeição o modo de funcionamento do mercado televisivo em qualquer lugar do globo.
Em televisão a criatividade e originalidade são verdadeiramente raros, ocorrendo muito esporadicamente o aparecimento de algo novo e inovador, levando a que na maioria das vezes se recorra à reciclagem de conceitos e formatos.
Esta limitação criativa de cada mercado interno é ultrapassada pela importação de formatos do mercado televisivo global.
No entanto, em Portugal esta dinâmica de importação e exportação de ideias não funciona convenientemente.
Em primeiro lugar, a importação de novos formatos é muito reduzida, levando a que Portugal fica à margem de muitas tendências mundiais a este nível.
Em segundo lugar, a exportação de ideias consegue registar uma performance ainda pior sendo praticamente nula.
Isto leva a que o mercado português seja dos que menos se desenvolvem, sofrendo de uma grande inércia e letargia que apenas prolonga e acentua os problemas de que padece o nosso mercado.
Este fracasso comercial deve-se aos operadores televisivos e às produtoras nacionais.
Os operadores televisivos têm culpa pois têm insistido em grelhas de programas horizontais e quase monotemáticas, deixando pouco espaço para novos conteúdos. É um absurdo que as duas estações privadas possuam um horário nobre preenchido quase na totalidade por ficção (novelas) e informação. E mesmo dentro destes dois géneros a exploração de novas fórmulas é algo que não acontece.
Por outro lado, temos as produtoras, em número excessivo, de pequena dimensão, incapazes de apresentarem às televisões formatos próprios.
Ficando à espera que sejam sempre as televisões a tomarem a iniciativa.
E se isto não fosse o suficiente, vimos estas virem muitas vezes a praça pública reivindicarem que as televisões deviam encomendarem mais programas, sendo normalmente a RTP o alvo principal. Pois, pelos vistos o seu estatuto de televisão pública segundo os proprietários das produtoras é assegurar a sua existência, não interessando as necessidades do operador, esquecendo-se das leis de mercado da procura e da oferta.
Uma produtora para se manter no activo deve ser proactiva, criadora de formatos próprios, dinamizando o mercado onde se insere. Só assim poderá apresentar a solidez necessária para empreender uma actividade saudável no nosso país e aventurar-se nos mercados internacionais, onde poderia ter rentabilidade acrescida.
Vemos que mesmo naquilo que alguns dizem que somos bons, estou a falar das telenovelas, conseguem penetrar nos mercados externos. Certamente os pontos que referi anteriormente estarão na base desta dificuldade e deveriam ser corrigidos o mais brevemente possível.
Na falta de ideias próprias parece que nem aproveitarem o que fazem lá por fora acontece mais. Basta ver que os canais abertos em Portugal continuam ano após ano com os mesmos problemas e tentando ressolvê-los com as mesmas soluções falhadas, ao invés de procurarem inspiração noutros mercados, tentando algo que pode ser cópia, mas que por cá não deixa de ser novidade.
Esta situação de decadência da oferta televisiva dos canais abertos tem levado a uma verdadeira migração de espectadores para os canais por cabo. E isto acontece mais pela falta de apelo/atractividade dos canais generalistas do que pelo interesse na programação daqueles canais. Basta ver que quando a SIC e TVI por exemplo, apresentam conteúdos apelativos a cota dos canais cabos reduz-se significativamente.
Continuarão os canais generalistas mergulhados no sua autocomiserção deixando os canais cabo conquistarem cada vez mais mercado, ou irão finalmente reagir e mudar o rumo dos acontecimentos?
Fiquem em boa companhia!
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
"Basta ver que quando a SIC e TVI por exemplo, apresentam conteúdos apelativos a cota dos canais cabos reduz-se significativamente."
Tens exemplos de programas atractivos, inovadores e criativos que os canais tenham dado?
Tens exemplos de programas atractivos, inovadores e criativos que os canais tenham dado?
Eu João- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Pergunta dificil, os exemplos não são muitos mas já vimos que isso acontece.
Quando a SIC emitia o Ídolos por exemplo a cota do cabo nesse horário pouco passava dos 10%.
Ou quando a TVI emite uma telenovela que cative o espectador como A Outra, ou ainda quando a SIC teve 7 Pecados as 19 horas.
Em todas essas ocasiões e existem mais algumas a cota do cabo diminuia bastante.
Por exemplo, atualmente a cota do cabo ronda os 20% às 19 horas, nessa altura de 7 Pecados andaria pelos 10%.
Basicamente entre as 18 e a 00h00 se as generalistas tiverem conteudos de sucesso o cabo vê-se reduzido a essa cota de 10%, quando agora andará muito perto dos 20%.
SIC sem interesse, RTP1 sem interesse e mesmo a TVI anda sem grande interesse, excepto um pico de um episódio ou outro.
Quando a SIC emitia o Ídolos por exemplo a cota do cabo nesse horário pouco passava dos 10%.
Ou quando a TVI emite uma telenovela que cative o espectador como A Outra, ou ainda quando a SIC teve 7 Pecados as 19 horas.
Em todas essas ocasiões e existem mais algumas a cota do cabo diminuia bastante.
Por exemplo, atualmente a cota do cabo ronda os 20% às 19 horas, nessa altura de 7 Pecados andaria pelos 10%.
Basicamente entre as 18 e a 00h00 se as generalistas tiverem conteudos de sucesso o cabo vê-se reduzido a essa cota de 10%, quando agora andará muito perto dos 20%.
SIC sem interesse, RTP1 sem interesse e mesmo a TVI anda sem grande interesse, excepto um pico de um episódio ou outro.
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Então mas A Outra (novela portuguesa), Idolos (concurso que já passou cá), 7Pecados (novela brasileira)...são os tais programas atractivos, inovadores e criativos?
Estás então a distinguir duas coisas diferentes...e es capaz de estar a juntar ambas. Uma coisa são produtos normais que numa determinada altura tem resultados melhores (esses que referiste); outra coisa são os produtos atractivos, inovadores e criativos, que tu falas que muitas vezes passam ao lado de Portugal (como os de culinária, ou alguns reality shows com Aprendiz, que eu considero como tal) mas que a maior parte das vezes não são bem recebido pelo publico e que dão é mais share ao Cabo...
Estás então a distinguir duas coisas diferentes...e es capaz de estar a juntar ambas. Uma coisa são produtos normais que numa determinada altura tem resultados melhores (esses que referiste); outra coisa são os produtos atractivos, inovadores e criativos, que tu falas que muitas vezes passam ao lado de Portugal (como os de culinária, ou alguns reality shows com Aprendiz, que eu considero como tal) mas que a maior parte das vezes não são bem recebido pelo publico e que dão é mais share ao Cabo...
Eu João- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
(Claro que tenho de me referir a exemplos que já passaram cá, se não como é que podia ter demonstrado que com boa oferta nos canais generalistas a cota do cabo caía drasticamente?)
Sim, junto tudo num só: bons programas de televisão.
Existem aqueles que são atractivos, que reúnem o público para alcançar sucesso como A Outra, depois existem aqueles que são atractivos e criativos como Idolos, e por aí vai.
É possível arranjar programas que reunem as três caracteristicas ideias de um programa: por exemplo o American Inventor e O Aprendiz, são dois programas que o conseguem.
Eu acredito que fariam sucesso por cá.
Sim, junto tudo num só: bons programas de televisão.
Existem aqueles que são atractivos, que reúnem o público para alcançar sucesso como A Outra, depois existem aqueles que são atractivos e criativos como Idolos, e por aí vai.
É possível arranjar programas que reunem as três caracteristicas ideias de um programa: por exemplo o American Inventor e O Aprendiz, são dois programas que o conseguem.
Eu acredito que fariam sucesso por cá.
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
FORA DO AR: À sombra da bananeira!
Estamos a um mês do começo do Verão, altura de férias e descanso para a maioria dos portugueses, que preferem curtir o sol do que ficar em casa a ver televisão, fazendo com que o consumo desça a valores mínimos.
No entanto, se antes esse efeito da subida da temperatura era mais notório nos meses de Junho a Setembro, este ano já em Março se notou uma quebra do consumo, que tem vindo a acentuar-se. Estamos em Maio e os valores registados são dignos de um mês de Agosto. E se levarmos em consideração que as temperaturas têm sido bastante amenas, fica por perceber esta mudança tão acentuada nos hábitos dos portugueses.
É verdade que também nos meses de Inverno o consumo não chegou a atingir os valores máximos de anos anteriores. O que parece estar a acontecer é um desligamento do espectador em relação à oferta televisiva. Por ventura, efeito de uma programação cada vez mais pobre mantida anos a fio. Por isso, vemos um cabo galopante, e as generalistas numa situação cada vez mais preocupante.
Com a descida do consumo era de esperar que fossem as generalistas as mais benefeciadas, devido ao perfil do público dos canais por cabo. No entanto, isso não acontece, antes pelo contrário.
Neste momento, as apostas para o Verão já foram reveladas na sua maioria e o que vemos é uma mão cheia de nada.
Na SIC, apostam num programa que já tinha dado as últimas na sua primeira temporada, estou a falar de “Salve-se quem puder”, na TVI as telenovelas continuam como única aposta, e na RTP1 também recorrem a mais do mesmo.
Portanto, parece que pouco haverá a fazer para evitar mais um verão negro para as generalistas.
É de prever que em Agosto o Cabo possa chegar ao segundo lugar, deixando SIC e RTP1 para trás.
Nesta altura a TVI já terá o futebol da primeira liga que dará uma ajuda extra e provavelmente até subirá em relação ao ano anterior.
Na SIC, parece que gostam de cometer os mesmos erros e então vemos às portas do Verão terminar as duas telenovelas da noite.
A TVI também comete um erro idêntico em estrear uma telenovela tão tarde, no entanto, deverá sair benefeciada já que se livrará do maior fracasso no género da estação, estou a falar de Sentimentos.
O que eu pergunto é se não poderia ser diferente?
Não poderia a SIC e a TVI terem apostado mais um pouco?
Eu acho que sim, mesmo sem gastar muito dinheiro poderiam vir com outro tipo de novidades e fazer um verão bem mais tranquilo.
Por exemplo, na TVI era escusado uma terceira telenovela, e com o dinheiro que poupavam aqui poderiam investir noutro tipo de programas para a primeira hora do horário nobre, trazendo outra frescura e dinâmica à programação tão apreciada numa época de calor.
Na SIC, deveriam ter apostado noutro programa para ancorar o horário nobre, pois como vimos o “Salve-se Quem Puder” não tem pedalada para o verão todo. Era importante também não deixar o horário de “Perfeito Coração” órfão e desperdiçar o trabalho dos últimos meses neste campo, até porque em Outubro deverá vir uma nova telenovela portuguesa.
Era de estrear “Escrito nas estrelas” no horário mesmo que isso significasse ter quatro telenovelas inéditas na globo, sempre era melhor que cometer novamente este erro.
E o que virá para o lugar do “Nós por Cá” será que mais um tapa-buracos e tardiamente?
O programa deveria sair já no fim do mês e fazerem subir Caras e Bocas para as 19 horas. O que colocar às 18 horas? Poderiam esticar Vida Nova para já, e depois colocar algo “teen”, ou uma repetição de uma série da globo ou de uma das telenovelas da noite.
Na TVI, como disse uma sitcom e mais um ou dois programas de entetenimento ligeiro seriam muito bem-vindos, ao invés de mais uma telenovela.
Na RTP1, o vazio de conteúdos é tão grande que fica díficil apontar apenas uma ou duas sugestões. No entanto, uma alternativa aos enjoativos concursos noturnos seria uma boa maneira de começar. Eu sugeria uma versão portuguesa do “Masterchef Australia”. Muito apropriado à época do ano, pois muitos dos desafios até poderiam ser feitos ao ar livre.
No entanto, nada disto será feito, e como disse serão repetidos os cenários de anos anteriores que muitas dores de cabeça provocarão aos directores de programas.
Esperemos pelo menos que compensem com a rentrée de Outono, tema da minha próxima crónica. Porque se os responsáveis da nossa televisão continuarem a dormir à sombra da bananeira, é melhor estarem preparadas para consequências ainda mais prejudiciais para as respectivas estações, e que depois não venham desculpar-se com tudo e mais alguma coisa, menos com o mau trabalho que têm desenvolvido!
Até lá,
Fiquem em boa Companhia!
Por Paulo Andrade
CURTAS
EUA
Na última semana as estações americanas deram a conhecer ao público e aos anunciantes as novidades para a próxima temporada. A maior surpresa veio da parte da CBS que fez as mudanças mais drásticas. Já a maior desilusão veio da FOX que apresentou poucas novidades e que à primeira vista não despertam grande interesse. A ABC aposta na continuidade e mantém nos mesmos horários o que funcionou minimamente e limita-se a preencher os espaços vazios com novas séries. Ainda não foi nesta temporada que surgirão novas séries a seguir a “Desperate Housewives” e “Grey's Anatomy”. No entanto, isto poderá ser bastante negativo na temporada seguinte, já que não terão substitutas para estas séries que deverão chegar então ao fim da sua exibição e já bastante debilitadas sem capacidades para lançar novas séries sobre sua proteção.[/size]
Como seria de prever devido à ausência de “The Jay Leno Show” e aos muitos cancelamentos a NBC traz muitas novidades, veremos se bem sucedidas para uma estação que tem sido ameaçadas pela Univison (dirigida à comunidade hispânica) em alguns horários e noites. E terá uma preocupação acrescida devido à CBS atacar o seu bloco de comédias de quinta-feira, com a mudança de The Big Bang Teory para esta noite, ancorando uma outra série em estreia. Se as comédias da NBC já não estavam bem, agora a situação não deverá ficar melhor. É inevitável a comparação de TBBT com o que foi “Friends” para a NBC na década de 90. Com o aproximar do fim de CSI, certamente a CBS parece querer colocar sitcoms neste horário, ficando “The Mentalist” como o único drama da noite. Isto, numa altura que as sitcoms começam a ganhar terreno face aos dramas, para além de repetirem com melhores resultados e de custarem em média menos dinheiro.
BRASIL
TV Globo e TV Record estrearam suas novas telenovelas do horário nobre, respectivamente “Passione” e “Ribeirão do Tempo”. Para já nenhuma convenceu nas audiências, apresentando índices preocupantes, no entanto, a escrita e produção têm sido bastante elogiada a ambas. É esperar para ver a evolução nas próximas semanas para conclusões mais definitivas.
TV Globo, queria gravar a próxima temporada de “No Limite” (Survivor entre nós) em Portugal segundo notícias publicadas esta semana. No entanto, apesar de as incrições já estarem a decorrer e superarem os milhares, o programa foi adiado para 2011, devido a problemas de tempo e logística, segundo informações da emissora. Eu gostava de ver uma nova temporada deste programa na nossa televisão, devido aos altos custos uma parceria com outra estação estrangeira seria uma boa maneira de produzir com menor custo e com melhores meios.
COLÔMBIA
"Corazón Abierto”, adaptação livre de “Grey's Anatomy” tem brilhado na Colômbia, conquistando frequentemente o primeiro lugar nas audiências, superando a também bem sucedida “Amor Sincero”. Os dois produtos são emitidos no mesmo canal não concorrendo entre si, antes pelo contrário, já que “Corazón Abierto” benefecia do bom lead-in de “Amor Sincero” e consegue ampliar os seus resultados.
ARGENTINA
Estreou recentemente a 21ª temporada de “Showmatch” (Um dos quadros de maior sucesso neste programa é a versão argentina de "Dança COmigo") no El Trece. Como era de esperar com boas audiências e contribuindo para a subida do El Trece à liderança na média-dia. “Malparida” substituiu com sucesso o flop “Alguién que mi quiera”, superando os 20 pontos diariamente. Deste modo, o El Trece conseguiu inverter as derrotas pesadas que vinha acumulando nos últimos dois meses, superando os problemas que estavam a derrubar a estação. No entanto, a Telefe embora tenha sofrido uma queda, continua bem em comparação com o mesmo período do ano passado, graças às boas performances da segunda temporada de “Justo a Tiempo” e “Botiñeras”.
Estamos a um mês do começo do Verão, altura de férias e descanso para a maioria dos portugueses, que preferem curtir o sol do que ficar em casa a ver televisão, fazendo com que o consumo desça a valores mínimos.
No entanto, se antes esse efeito da subida da temperatura era mais notório nos meses de Junho a Setembro, este ano já em Março se notou uma quebra do consumo, que tem vindo a acentuar-se. Estamos em Maio e os valores registados são dignos de um mês de Agosto. E se levarmos em consideração que as temperaturas têm sido bastante amenas, fica por perceber esta mudança tão acentuada nos hábitos dos portugueses.
É verdade que também nos meses de Inverno o consumo não chegou a atingir os valores máximos de anos anteriores. O que parece estar a acontecer é um desligamento do espectador em relação à oferta televisiva. Por ventura, efeito de uma programação cada vez mais pobre mantida anos a fio. Por isso, vemos um cabo galopante, e as generalistas numa situação cada vez mais preocupante.
Com a descida do consumo era de esperar que fossem as generalistas as mais benefeciadas, devido ao perfil do público dos canais por cabo. No entanto, isso não acontece, antes pelo contrário.
Neste momento, as apostas para o Verão já foram reveladas na sua maioria e o que vemos é uma mão cheia de nada.
Na SIC, apostam num programa que já tinha dado as últimas na sua primeira temporada, estou a falar de “Salve-se quem puder”, na TVI as telenovelas continuam como única aposta, e na RTP1 também recorrem a mais do mesmo.
Portanto, parece que pouco haverá a fazer para evitar mais um verão negro para as generalistas.
É de prever que em Agosto o Cabo possa chegar ao segundo lugar, deixando SIC e RTP1 para trás.
Nesta altura a TVI já terá o futebol da primeira liga que dará uma ajuda extra e provavelmente até subirá em relação ao ano anterior.
Na SIC, parece que gostam de cometer os mesmos erros e então vemos às portas do Verão terminar as duas telenovelas da noite.
A TVI também comete um erro idêntico em estrear uma telenovela tão tarde, no entanto, deverá sair benefeciada já que se livrará do maior fracasso no género da estação, estou a falar de Sentimentos.
O que eu pergunto é se não poderia ser diferente?
Não poderia a SIC e a TVI terem apostado mais um pouco?
Eu acho que sim, mesmo sem gastar muito dinheiro poderiam vir com outro tipo de novidades e fazer um verão bem mais tranquilo.
Por exemplo, na TVI era escusado uma terceira telenovela, e com o dinheiro que poupavam aqui poderiam investir noutro tipo de programas para a primeira hora do horário nobre, trazendo outra frescura e dinâmica à programação tão apreciada numa época de calor.
Na SIC, deveriam ter apostado noutro programa para ancorar o horário nobre, pois como vimos o “Salve-se Quem Puder” não tem pedalada para o verão todo. Era importante também não deixar o horário de “Perfeito Coração” órfão e desperdiçar o trabalho dos últimos meses neste campo, até porque em Outubro deverá vir uma nova telenovela portuguesa.
Era de estrear “Escrito nas estrelas” no horário mesmo que isso significasse ter quatro telenovelas inéditas na globo, sempre era melhor que cometer novamente este erro.
E o que virá para o lugar do “Nós por Cá” será que mais um tapa-buracos e tardiamente?
O programa deveria sair já no fim do mês e fazerem subir Caras e Bocas para as 19 horas. O que colocar às 18 horas? Poderiam esticar Vida Nova para já, e depois colocar algo “teen”, ou uma repetição de uma série da globo ou de uma das telenovelas da noite.
Na TVI, como disse uma sitcom e mais um ou dois programas de entetenimento ligeiro seriam muito bem-vindos, ao invés de mais uma telenovela.
Na RTP1, o vazio de conteúdos é tão grande que fica díficil apontar apenas uma ou duas sugestões. No entanto, uma alternativa aos enjoativos concursos noturnos seria uma boa maneira de começar. Eu sugeria uma versão portuguesa do “Masterchef Australia”. Muito apropriado à época do ano, pois muitos dos desafios até poderiam ser feitos ao ar livre.
No entanto, nada disto será feito, e como disse serão repetidos os cenários de anos anteriores que muitas dores de cabeça provocarão aos directores de programas.
Esperemos pelo menos que compensem com a rentrée de Outono, tema da minha próxima crónica. Porque se os responsáveis da nossa televisão continuarem a dormir à sombra da bananeira, é melhor estarem preparadas para consequências ainda mais prejudiciais para as respectivas estações, e que depois não venham desculpar-se com tudo e mais alguma coisa, menos com o mau trabalho que têm desenvolvido!
Até lá,
Fiquem em boa Companhia!
Por Paulo Andrade
CURTAS
EUA
Na última semana as estações americanas deram a conhecer ao público e aos anunciantes as novidades para a próxima temporada. A maior surpresa veio da parte da CBS que fez as mudanças mais drásticas. Já a maior desilusão veio da FOX que apresentou poucas novidades e que à primeira vista não despertam grande interesse. A ABC aposta na continuidade e mantém nos mesmos horários o que funcionou minimamente e limita-se a preencher os espaços vazios com novas séries. Ainda não foi nesta temporada que surgirão novas séries a seguir a “Desperate Housewives” e “Grey's Anatomy”. No entanto, isto poderá ser bastante negativo na temporada seguinte, já que não terão substitutas para estas séries que deverão chegar então ao fim da sua exibição e já bastante debilitadas sem capacidades para lançar novas séries sobre sua proteção.[/size]
Como seria de prever devido à ausência de “The Jay Leno Show” e aos muitos cancelamentos a NBC traz muitas novidades, veremos se bem sucedidas para uma estação que tem sido ameaçadas pela Univison (dirigida à comunidade hispânica) em alguns horários e noites. E terá uma preocupação acrescida devido à CBS atacar o seu bloco de comédias de quinta-feira, com a mudança de The Big Bang Teory para esta noite, ancorando uma outra série em estreia. Se as comédias da NBC já não estavam bem, agora a situação não deverá ficar melhor. É inevitável a comparação de TBBT com o que foi “Friends” para a NBC na década de 90. Com o aproximar do fim de CSI, certamente a CBS parece querer colocar sitcoms neste horário, ficando “The Mentalist” como o único drama da noite. Isto, numa altura que as sitcoms começam a ganhar terreno face aos dramas, para além de repetirem com melhores resultados e de custarem em média menos dinheiro.
BRASIL
TV Globo e TV Record estrearam suas novas telenovelas do horário nobre, respectivamente “Passione” e “Ribeirão do Tempo”. Para já nenhuma convenceu nas audiências, apresentando índices preocupantes, no entanto, a escrita e produção têm sido bastante elogiada a ambas. É esperar para ver a evolução nas próximas semanas para conclusões mais definitivas.
TV Globo, queria gravar a próxima temporada de “No Limite” (Survivor entre nós) em Portugal segundo notícias publicadas esta semana. No entanto, apesar de as incrições já estarem a decorrer e superarem os milhares, o programa foi adiado para 2011, devido a problemas de tempo e logística, segundo informações da emissora. Eu gostava de ver uma nova temporada deste programa na nossa televisão, devido aos altos custos uma parceria com outra estação estrangeira seria uma boa maneira de produzir com menor custo e com melhores meios.
COLÔMBIA
"Corazón Abierto”, adaptação livre de “Grey's Anatomy” tem brilhado na Colômbia, conquistando frequentemente o primeiro lugar nas audiências, superando a também bem sucedida “Amor Sincero”. Os dois produtos são emitidos no mesmo canal não concorrendo entre si, antes pelo contrário, já que “Corazón Abierto” benefecia do bom lead-in de “Amor Sincero” e consegue ampliar os seus resultados.
ARGENTINA
Estreou recentemente a 21ª temporada de “Showmatch” (Um dos quadros de maior sucesso neste programa é a versão argentina de "Dança COmigo") no El Trece. Como era de esperar com boas audiências e contribuindo para a subida do El Trece à liderança na média-dia. “Malparida” substituiu com sucesso o flop “Alguién que mi quiera”, superando os 20 pontos diariamente. Deste modo, o El Trece conseguiu inverter as derrotas pesadas que vinha acumulando nos últimos dois meses, superando os problemas que estavam a derrubar a estação. No entanto, a Telefe embora tenha sofrido uma queda, continua bem em comparação com o mesmo período do ano passado, graças às boas performances da segunda temporada de “Justo a Tiempo” e “Botiñeras”.
Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
E podem ler a crónica desta semana aqui:
http://fantastictvsite.blogspot.com/2010/06/cronica-fora-do-ar-replay.html
E comentar se estiverem para aí virados!
http://fantastictvsite.blogspot.com/2010/06/cronica-fora-do-ar-replay.html
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Paulo Andrade- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
Acho que a SIC cometeu um grande erro ao acabar PC sem ter uma nova novela preparada! A estreia da nova novela da SIC devia ter acontecido já a 7 de Junho, sendo uma novela de 100 episódios (que daria até Setembro) altura em que estreava uma novela mais longa. Assim teria uma novela de verão que duraria apenas este período.
Outra coisa que realço é realmente o facto de a TVI desrespeitar descaradamente os telespectadores. Senão vejamos: Sentimentos estreou às 22:00 e acaba às 00:00. Já Fascínios teve o mesmo destino... E Meu Amor está a seguir-lhe o caminho!
Será que não podem fazer como no Brasil? A novela das 20h é substituida pela novela das 20h! Ponto final!
De caras e bocas nem falo. E pronto, é tudo mais do mesmo, como disseste... Uma repetição!
Outra coisa que realço é realmente o facto de a TVI desrespeitar descaradamente os telespectadores. Senão vejamos: Sentimentos estreou às 22:00 e acaba às 00:00. Já Fascínios teve o mesmo destino... E Meu Amor está a seguir-lhe o caminho!
Será que não podem fazer como no Brasil? A novela das 20h é substituida pela novela das 20h! Ponto final!
De caras e bocas nem falo. E pronto, é tudo mais do mesmo, como disseste... Uma repetição!
A!- Membro
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
A crónica está muito boa. Foca todos os pontos e erros mais recentes das privadas.
O maior erro, grosseiro mesmo, é mesmo a ausência de substituta para Perfeito Coração.
Mais uma vez digo, não se tivessem entretido a criar uma total inutilidade na grelha chamada Lua Vermelha... e agora a novela adulta estaria em condições de ser substituida por outra semelhante. Ou até antes, preparando o verão decentemente e não voltando a acabar os dois suportes da noite em simultâneo, como idiotamente aconteceu há precisamente 2 anos e volta agora a ocorrer.
Enfim... mais uma vez o erro não serviu de nada e está feito. Venha Setembro e boa sorte... vão precisar!
O maior erro, grosseiro mesmo, é mesmo a ausência de substituta para Perfeito Coração.
Mais uma vez digo, não se tivessem entretido a criar uma total inutilidade na grelha chamada Lua Vermelha... e agora a novela adulta estaria em condições de ser substituida por outra semelhante. Ou até antes, preparando o verão decentemente e não voltando a acabar os dois suportes da noite em simultâneo, como idiotamente aconteceu há precisamente 2 anos e volta agora a ocorrer.
Enfim... mais uma vez o erro não serviu de nada e está feito. Venha Setembro e boa sorte... vão precisar!
Jnpc- Membro
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Data de inscrição : 06/03/2010
Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
FORA DO AR: Dinheiro em caixa!
É costume dizer-se que o dinheiro faz mover o mundo, e em televisão acontece o mesmo. É por causa deste que cada estação de televisão tenta obter mais e melhores audiências, para que os anunciantes invistam dinheiro em patrocínios e anúncios ao longo da emissão.
No entanto, parece-me que no casos das televisões nacionais têm usado a estratégia errada para o conseguir.
Hoje, como ontem e aparentemente como amanhã, a programação das televisões nacionais é preenchida por programas que pouco interessam ao anunciante pela sua falta de apelo junto dos públicos-alvo e cada vez mais dos próprios espectadores evidenciado pela migração em massa de ambos para os canais cabo.
O que eu temo é que o equilíbrio financeiro que foi conseguido na segunda metade da década entre as duas estações privadas esteja a chegar ao fim.
E o mais grave é que os responsáveis da nossa televisão continuam alheios a esta realidade ou pior sabem-no mas não têm tomado medidas para o ultrapassar.
Até quando acham que chega continuar a cortar nos investimentos na programação? Não têm observado os prejuízos que isso tem trazido?
São dadas imensas desculpas, mas a principal continua por ser apontada: a falta de acerto dos Directores de Programas nas escolhas que fazem, impedindo as estações de atingirem um patamar mais sólido e confortável.
O caso da SIC é o mais grave espelhado pelo mau estado da estação nas audiências, mas que apenas reflecte um conjunto de escolhas infelizes.
Contudo, não é este o assunto desta crónica.
O meu objectivo é tentar perceber como as estações nacionais poderiam obter mais receita mesmo num período complicado da nossa economia, que na realidade já se arrasta há quase uma década e portanto começa a ser difícil perceber se é um estado transitório ou se este é mesmo a realidade nacional.
Para começar a principal receita das televisões nacionais, e aqui refiro-me ao canal de televisão principal e não ao grupo de media detentor do mesmo, uma vez que este incluiu também um conjunto de diferentes áreas de negócio que foram desenvolvidas e que vêm compensando a queda do negócio principal, são as receitas de publicidade.
Queria que se evitasse chegar aoo ponto em que os grupos de media precisam de injectar dinheiro proveniente do lucro das outras áreas de negócio no canal de televisão bandeira e criar-se a situação de estes começarem a ponderar será do nosso interesse manter a posse deste canal?
Portanto, a publicidade é e continuará a ser a principal fonte de receita. Embora em Portugal isso até parece nem ser verdade pelo modo como são tratados os anunciantes.
A opção pela exibição do tempo de publicidade em cada hora num bloco único como de um programa se tratasse não favorece a posição das televisões nacionais.
Eu ainda não percebi porque o fazem. É pelas audiências? É um péssimo argumento, pois para quê ter audiências se esta não pode ser rentabilizada depois com intervalos no meio dos programas que têm público?
A falta de produção própria em quantidade suficiente leva a que outros métodos de inserção publicitária em televisão sejam pouco utéis como o “product placement”.
É por causa deste recurso que os “reality-shows” são tão apetecidos em todos os mercados, muito mais que os programas de ficção. Mas pelos vistos, em Portugal não terão a mesma opinião. E não me venham dizer que estes não são bons programas, porque isso não é verdade. Os formatos deste tipo de programa evoluiram tanto nos últimos anos que hoje muitos deles são considerados dos melhores programas de TV. E acima de tudo completamente válidos.
Como já disse noutras crónicas as televisões nacionais são os seus próprios inimigos e ainda não se deram conta.
Outra situação: a falta de transparência no custo das inserções publicitárias, pois é completamente rídiculo que em média existam descontos de 80% a 90% em relação aos valores de tabela. Imaginam como seria essa situação no nosso dia-a-dia? Este inflacionamento dos preços não ajuda em nada ao objectivo das televisões. Contudo parece uma política generalizada, pois em algo totalmente não relacionado como por exemplo, o anúncio ao espectador da programação e respectivos horários o público, que deveria ser a grande preocupação das operadores, é sempre o último a saber. Mais uma vez aqui inverte-se a ordem normal e sadia dos valores.
Achar que o desaparecimento da publicidade da RTP1 é a cura milagrosa para as aflições das privadas é outro erro recorrente. O investimento que a RTP1 recebe actualmente irá simplesmente deixar de existir e não será alocado nas outras estações.
E isto é um contrasenso, pois se criticam tanto o dinheiro que o estado gasta no financiamento do serviço público de televisão e rádio (muitas vezes esquecido nestas discussões), não gastaria mais ainda se a RTP1 deixasse de ter publicidade? Não é uma fonte de receita justa uma vez que faz parte do negócio de televisão e a RTP1 faz parte do mercado?
Não esqueçamos que a RTP é um conjunto de valências que na sua maioria passa longe das privadas e que não trazem proveito financeiro para a empresa antes pelo contrário e daí a necessidade do financiamento estatal. Portanto, é mais que aceitável que nas actividades que a RTP desenvolva que possa tirar algum tipo de proveito que o faça.
E a SIC e TVI não se podem queixar muito pois a RTP1 é um competidor lesionado já que o tempo de publicidade permitido é metade do regular.
E se analisarem o que espera o futuro perceberão que são os canais cabo o seu maior inimigo, recheados de programas apelativos, direccionados a público-alvos definidos, com um sistema de intervalos bem numeroso e outras estratégias comerciais que escapam às televisões em sinal aberto.
No entanto, sobre as televisões nacionais paira outro inimigo: a ferramenta que um cada vez maior número de espectadores têm ao seu dispor que é poder gravar os programas emitidos e visioná-los mais tarde, e claro escapando aos intervalos comerciais, os poucos que ainda são introduzidos dentro dos programas.
Isto é algo que em países como os EUA, o Reino Unido ou a Austrália é cada vez mais significativo e em Portugal tendencialmente também o será.
E esta é a grande batalha que as televisões comerciais travam em todo o mundo e que poucas soluções têm sido apontadas, continuando assim por resolver e com custos milionários.
E era este inicialmente o tema da minha crónica, mas devido à singularidade do mercado nacional tive que abordar outros problemas das receitas publicitárias.
A meu ver, as estações de televisão terão que recorrer aos métodos publicitários usados na Internet.
E a legislação terá que ser flexibilizada de modo a permiti-lo.
Por exemplo, o aparecimento de “banners” publicitários durante a exibição dos programas, divindo o ecrã horizontalmente ou verticalmente, embora sem tapar a imagem, e claro sem som. Este é um tipo de publicidade que o espectador não pode fazer “fast forward”. Ou os tão famigerados pop-ups. Por exemplo, “congelando” a imagem do programa em exibição aparecendo um curto pop-up publicitário, e “descongelando” a imagem quando é finalizado. Este tipo de publicidade é mais invasiva, mas evita que se perca tempo nas emissões com intervalos já que parte do tempo dos mesmos passa junto com os programas.
Certamente a criatividade será fundamental para ultrapassar esta situação e poderá ser preciso até ir mais longe, embora com o menor prejuízo possível para a qualidade das transmissões e para quem assiste.
Penso que até 20% do total de publicidade exibido por hora pode recorrer a estas técnicas, e pelo menos dão mais garantias ao anunciante que os anúncios chegam de facto a quem vê o programa, por isso, também podendo ser cobrado mais por estes.
Sinceramente, a mim nenhum destes métodos me chocava pois não interfeririam com a visualização dos programas.
O que eu sei, é que as televisões terão de trabalhar rapidamente para ultrapassar este problema se não querem perder ainda mais investimento publicitário.
O que para as televisões nacionais é um problema acrescido aos que as afecta actualmente. Portanto, seria bom que antes que esta também fosse uma realidade portuguesa, as estações nacionais acabassem com a singularidade portuguesa de “pequenos programas publicitários” de 15 minutos em cada hora, ou de apresentarem uma grelha de programação perguiçosa, sem qualquer ponta de criatividade e inovação repelindo o espectador mais exigente, e naturalmente o mais desejado pelos anunciantes.
E aqui chego a outro ponto importante do mercado publicitário. Quem anuncia quer chegar aos espectadores de mais díficil acesso e que por outros meios não consegue. Esse é o público mais valioso em televisão, e é por ele que os anunciantes estão dispostos a pagar mais e que por isso a SIC, TVI e RTP1 deveriam ter mais interesse em conquistar. E não é certamente com a programação actual que o vão conseguir.
Falta saber para quando estas mudanças começarão a acontecer, pois parece que ninguém questiona os responsáveis sobre estes assuntos.
Aliás um dia farei uma crónica sobre a pobreza do jornalismo e dos jornalistas que fazem a cobertura do meio televisivo, que também ajudam a contribuir para o péssimo estado da televisão portuguesa.
Por hoje é tudo!
Fiquem em boa companhia,
E até uma próxima oportunidade!
Por Paulo Andrade
É costume dizer-se que o dinheiro faz mover o mundo, e em televisão acontece o mesmo. É por causa deste que cada estação de televisão tenta obter mais e melhores audiências, para que os anunciantes invistam dinheiro em patrocínios e anúncios ao longo da emissão.
No entanto, parece-me que no casos das televisões nacionais têm usado a estratégia errada para o conseguir.
Hoje, como ontem e aparentemente como amanhã, a programação das televisões nacionais é preenchida por programas que pouco interessam ao anunciante pela sua falta de apelo junto dos públicos-alvo e cada vez mais dos próprios espectadores evidenciado pela migração em massa de ambos para os canais cabo.
O que eu temo é que o equilíbrio financeiro que foi conseguido na segunda metade da década entre as duas estações privadas esteja a chegar ao fim.
E o mais grave é que os responsáveis da nossa televisão continuam alheios a esta realidade ou pior sabem-no mas não têm tomado medidas para o ultrapassar.
Até quando acham que chega continuar a cortar nos investimentos na programação? Não têm observado os prejuízos que isso tem trazido?
São dadas imensas desculpas, mas a principal continua por ser apontada: a falta de acerto dos Directores de Programas nas escolhas que fazem, impedindo as estações de atingirem um patamar mais sólido e confortável.
O caso da SIC é o mais grave espelhado pelo mau estado da estação nas audiências, mas que apenas reflecte um conjunto de escolhas infelizes.
Contudo, não é este o assunto desta crónica.
O meu objectivo é tentar perceber como as estações nacionais poderiam obter mais receita mesmo num período complicado da nossa economia, que na realidade já se arrasta há quase uma década e portanto começa a ser difícil perceber se é um estado transitório ou se este é mesmo a realidade nacional.
Para começar a principal receita das televisões nacionais, e aqui refiro-me ao canal de televisão principal e não ao grupo de media detentor do mesmo, uma vez que este incluiu também um conjunto de diferentes áreas de negócio que foram desenvolvidas e que vêm compensando a queda do negócio principal, são as receitas de publicidade.
Queria que se evitasse chegar aoo ponto em que os grupos de media precisam de injectar dinheiro proveniente do lucro das outras áreas de negócio no canal de televisão bandeira e criar-se a situação de estes começarem a ponderar será do nosso interesse manter a posse deste canal?
Portanto, a publicidade é e continuará a ser a principal fonte de receita. Embora em Portugal isso até parece nem ser verdade pelo modo como são tratados os anunciantes.
A opção pela exibição do tempo de publicidade em cada hora num bloco único como de um programa se tratasse não favorece a posição das televisões nacionais.
Eu ainda não percebi porque o fazem. É pelas audiências? É um péssimo argumento, pois para quê ter audiências se esta não pode ser rentabilizada depois com intervalos no meio dos programas que têm público?
A falta de produção própria em quantidade suficiente leva a que outros métodos de inserção publicitária em televisão sejam pouco utéis como o “product placement”.
É por causa deste recurso que os “reality-shows” são tão apetecidos em todos os mercados, muito mais que os programas de ficção. Mas pelos vistos, em Portugal não terão a mesma opinião. E não me venham dizer que estes não são bons programas, porque isso não é verdade. Os formatos deste tipo de programa evoluiram tanto nos últimos anos que hoje muitos deles são considerados dos melhores programas de TV. E acima de tudo completamente válidos.
Como já disse noutras crónicas as televisões nacionais são os seus próprios inimigos e ainda não se deram conta.
Outra situação: a falta de transparência no custo das inserções publicitárias, pois é completamente rídiculo que em média existam descontos de 80% a 90% em relação aos valores de tabela. Imaginam como seria essa situação no nosso dia-a-dia? Este inflacionamento dos preços não ajuda em nada ao objectivo das televisões. Contudo parece uma política generalizada, pois em algo totalmente não relacionado como por exemplo, o anúncio ao espectador da programação e respectivos horários o público, que deveria ser a grande preocupação das operadores, é sempre o último a saber. Mais uma vez aqui inverte-se a ordem normal e sadia dos valores.
Achar que o desaparecimento da publicidade da RTP1 é a cura milagrosa para as aflições das privadas é outro erro recorrente. O investimento que a RTP1 recebe actualmente irá simplesmente deixar de existir e não será alocado nas outras estações.
E isto é um contrasenso, pois se criticam tanto o dinheiro que o estado gasta no financiamento do serviço público de televisão e rádio (muitas vezes esquecido nestas discussões), não gastaria mais ainda se a RTP1 deixasse de ter publicidade? Não é uma fonte de receita justa uma vez que faz parte do negócio de televisão e a RTP1 faz parte do mercado?
Não esqueçamos que a RTP é um conjunto de valências que na sua maioria passa longe das privadas e que não trazem proveito financeiro para a empresa antes pelo contrário e daí a necessidade do financiamento estatal. Portanto, é mais que aceitável que nas actividades que a RTP desenvolva que possa tirar algum tipo de proveito que o faça.
E a SIC e TVI não se podem queixar muito pois a RTP1 é um competidor lesionado já que o tempo de publicidade permitido é metade do regular.
E se analisarem o que espera o futuro perceberão que são os canais cabo o seu maior inimigo, recheados de programas apelativos, direccionados a público-alvos definidos, com um sistema de intervalos bem numeroso e outras estratégias comerciais que escapam às televisões em sinal aberto.
No entanto, sobre as televisões nacionais paira outro inimigo: a ferramenta que um cada vez maior número de espectadores têm ao seu dispor que é poder gravar os programas emitidos e visioná-los mais tarde, e claro escapando aos intervalos comerciais, os poucos que ainda são introduzidos dentro dos programas.
Isto é algo que em países como os EUA, o Reino Unido ou a Austrália é cada vez mais significativo e em Portugal tendencialmente também o será.
E esta é a grande batalha que as televisões comerciais travam em todo o mundo e que poucas soluções têm sido apontadas, continuando assim por resolver e com custos milionários.
E era este inicialmente o tema da minha crónica, mas devido à singularidade do mercado nacional tive que abordar outros problemas das receitas publicitárias.
A meu ver, as estações de televisão terão que recorrer aos métodos publicitários usados na Internet.
E a legislação terá que ser flexibilizada de modo a permiti-lo.
Por exemplo, o aparecimento de “banners” publicitários durante a exibição dos programas, divindo o ecrã horizontalmente ou verticalmente, embora sem tapar a imagem, e claro sem som. Este é um tipo de publicidade que o espectador não pode fazer “fast forward”. Ou os tão famigerados pop-ups. Por exemplo, “congelando” a imagem do programa em exibição aparecendo um curto pop-up publicitário, e “descongelando” a imagem quando é finalizado. Este tipo de publicidade é mais invasiva, mas evita que se perca tempo nas emissões com intervalos já que parte do tempo dos mesmos passa junto com os programas.
Certamente a criatividade será fundamental para ultrapassar esta situação e poderá ser preciso até ir mais longe, embora com o menor prejuízo possível para a qualidade das transmissões e para quem assiste.
Penso que até 20% do total de publicidade exibido por hora pode recorrer a estas técnicas, e pelo menos dão mais garantias ao anunciante que os anúncios chegam de facto a quem vê o programa, por isso, também podendo ser cobrado mais por estes.
Sinceramente, a mim nenhum destes métodos me chocava pois não interfeririam com a visualização dos programas.
O que eu sei, é que as televisões terão de trabalhar rapidamente para ultrapassar este problema se não querem perder ainda mais investimento publicitário.
O que para as televisões nacionais é um problema acrescido aos que as afecta actualmente. Portanto, seria bom que antes que esta também fosse uma realidade portuguesa, as estações nacionais acabassem com a singularidade portuguesa de “pequenos programas publicitários” de 15 minutos em cada hora, ou de apresentarem uma grelha de programação perguiçosa, sem qualquer ponta de criatividade e inovação repelindo o espectador mais exigente, e naturalmente o mais desejado pelos anunciantes.
E aqui chego a outro ponto importante do mercado publicitário. Quem anuncia quer chegar aos espectadores de mais díficil acesso e que por outros meios não consegue. Esse é o público mais valioso em televisão, e é por ele que os anunciantes estão dispostos a pagar mais e que por isso a SIC, TVI e RTP1 deveriam ter mais interesse em conquistar. E não é certamente com a programação actual que o vão conseguir.
Falta saber para quando estas mudanças começarão a acontecer, pois parece que ninguém questiona os responsáveis sobre estes assuntos.
Aliás um dia farei uma crónica sobre a pobreza do jornalismo e dos jornalistas que fazem a cobertura do meio televisivo, que também ajudam a contribuir para o péssimo estado da televisão portuguesa.
Por hoje é tudo!
Fiquem em boa companhia,
E até uma próxima oportunidade!
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Re: [Crónica] Fora do Ar - Por Paulo Andrade
FORA DO AR: Estranhas Coincidências
Nos últimos dias, o mercado de televisão nacional viveu dias de grande agitação e exaltação.
No topo da lista dos acontecimentos da semana esteve a transferência de Fátima Lopes da SIC para a TVI.
Completamente inesperado e sem nada que o fizesse prever a SIC perdeu o seu rosto mais emblemático e o último da era dourada da estação, depois das saídas de Jorge Gabriel, Catarina Furtado e Júlia Pinheiro alguns anos atrás.
O que esta transferência tem de trágico para a SIC, tem de glórioso para a TVI!
A TVI consegue de uma só vez resolver dois problemas:
1º Reforçar uma das áreas onde apresentava maiores fragilidades, pois era das três generalistas a que tinha menores opções para a apresentação de programas próprios; e
2º Privar a sua concorrente directa de um dos seus trunfos mais importantes na luta pelas audiências.
Fica agora a faltar um rosto masculino de igual peso para completar a oferta da estação na apresentação.
A SIC tentou reagir contratando a Cristina Ferreira, colega de Manuel Luís Goucha nas manhãs da TVI. Ironicamente, esta manobra de diversão, se ainda era possível, apenas agravou a situação da estação, pois para além de perder um dos seus activos mais importantes, ficou patente a falta de capacidade da SIC para atrair caras já consolidadas noutros canais. Fazendo com certeza baixar ainda mais a moral nos corredores de Carnaxide.
Não foi o único “não” que a estação aparentemente já recebeu. Pois, nos últimos anos surgiram alguns rumores de tentativa de contratação de algumas caras da RTP também sem sucesso.
Este é um dos dramas que asolam a SIC, chegar ao ponto onde existe maior vontade de sair do que de entrar.
Continuando na lista de novidades da semana, chegamos à confirmação do regresso do Big Brother, no ano que se comemora o 10º aniversário da sua estreia na televisão portuguesa.
O formato evoluiu bastante nos últimos anos e pode por isso ainda surpreender os espectadores neste regresso.
Eu espero que não haja nenhuma surpresa de última hora, como já tem sido noticiada na imprensa, que afinal não seria uma nova edição do Big Brother, mas sim a aposta num formato similar. Para além de não fazer qualquer sentido, tendo em conta a campanha promocional em antena na TVI, acabaria por defraudar as expectativas criadas, e com certeza a suas hipoteses de sucesso serão bem menores.
Para além das necessárias mudanças no formato em relação ao que é conhecido do público português, o modelo de exibição também deveria ser alterado. Penso que hoje em dia um tipo de cobertura tão exaustiva como foi feito em passadas edições dificilmente terão os resultados pretendidos. Seria preferível optar por algo mais contido e concentrado, para que o interesse do público continue focado e não acabe por esmorecer ao longo da sua exibição.
Esta rentrée pelos vistos ficará marcada por regressos de antigos programas.
A RTP1 também não quis ficar de fora desta moda e por isso já fez saber que a Operação Triunfo voltará no Outono.
Contudo, esta notícia leva-me a questionar mais uma vez o sentido de oportunidade dos responsáveis televisivos.
Qual será o fundamento para esta decisão, uma vez que a RTP1 irá colocar no ar um programa com um formato similar ao que a SIC irá oferecer no mesmo período?
É a reincidência nos erros do passado, estes sim não mereciam ter novas edições! No entanto, tem o privilégio da “renovação contínua”!
Por isso, espero que o público dê um rotundo não a este tipo de estratégia, como aliás tem sido tradição.
Por fim, para terminar a análise dos regressos do ano temos na SIC uma nova temporada do Ídolos já em Setembro, ao contrário do que foi noticiado aquando da finalização da última temporada. Uma pena, pois seria a estratégia mais correcta. No entanto, a situação complicada da estação nas audiências e não só, terão ditado este regresso precose.
Deste modo, iremos ter João Manzarra na apresentação do 3º programa do mesmo género consecutivo no espaço de um ano. Certamente irá bater algum tipo de recorde nacional.
Passando para outro assunto e que no entanto, pelo menos para mim, choca-me mais que qualquer caso comentando acima está a opção da RTP1 de colocar uma série brasileira em horário nobre diariamente.
O duelo entre produtos globais em canais diferentes já não se via desde a primeira metade da década de 90. E certamente poucos estarão desejosos por ver esta reedição que tem de tão desnecessário como de absurdo e só é compatível com uma gestão completamente disvirtuada e sem sentido.
Porquê este desejo doentio de imitação entre os canais nacionais? Por mais que me esforce não consigo compreender, por isso gostaria que os responsáveis fossem questionados sobre o mesmo para ver se conseguia algum tipo de justificação que não fosse a pura incompetência na gestão de cada uma das grelhas de programas.
Mas aparentemente os nossos jornalistas de televisão parecem não estar interessados neste tipo de perguntas. Espantosamente, estes raramente interpelam os responsáveis televisivos sobre os seus erros. É outra questão que de vez em quando me surge e que também certamente ficará por responder.
O que vale é que pelo menos inicialmente essa competição estará deslocada, uma vez que a SIC irá colocar para já a sua única telenovela da noite no latenight.
Certamente as telenovelas após a meia-noite são um fenómeno digno de um case study mundial!
Num outro episódio de estranhas coincidências, é a presença de mais uma telenovela juvenil no horário nobre da SIC durante o verão. Desta vez, coube a sorte a Lua Vermelha, série juvenil que já viu diversos horário de exibição, e que depois de relegada para o acesso ao primetime de domingo devido aos fracos resultados no horário destes dias, é agora chamada novamente ao horário nobre, mas dos dias útéis. Uma promoção que com certeza prestigia muito a série, mas será que esta prestigiará a estação com bons resultados?
Vemos por tanto a história repetir-se depois de Floribella, Chiquititas e Rebelde Way. Apenas a primeira conheceu sucesso, tudo o resto sucumbiu ao fracasso.
Parece-me que Lua Vermelha asemelha-se mais às últimos exemplo.
E para agravar a situação vemos a SIC na mesma situação que precipitou a saída de Penim da SIC: a aposta falhada num produto juvenil que levou a SIC a mínimos no horário nobre.
No entanto, parece que desta vez Nuno Santos terá mais sorte, mesmo com piores resultados uma vez que a estação de Carnaxide e agora está mais condescendente, e até mesmo um 4º lugar já não é tão grave quanto possa parecer aos mais distraídos.
Já lá vão dois anos e meio desde que Nuno Santos assumiu a direcção de programas e a SIC continua longe de uma situação saudável. E parece condenada a manter-se neste estado enquanto os seus responsáveis persistirem na ideia de copiar a concorrência.
Quando chegou à SIC, Nuno Santos tentou fazer o mesmo que fez na RTP1. Não, não me refiro à recuperação da programação da estação, mas sim a colocar em prática o mesmo tipo de soluções programáticas, mesmo quando as realidades eram completamente distintas.
Logo não surpreendeu ninguém quando falharam.
Depois, tentou copiar a TVI, estratégia que ainda continua, no entanto, até agora ainda não deu frutos.
Como vimos ao longo da história da televisão esta estratégia copista nunca foi bem sucedida. Quando a RTP1 perdeu a liderança para a SIC, esta tentou copiá-la e foi sempre a descer.
A TVI também começa a imitar a SIC nos finais dos anos 90, mas somente quando aparece algo diferente como o Big Brother é que consegue passar para a frente, situação consolidada pelo sucesso das telenovelas nacionais.
A SIC tenta então copiar a TVI, apostando em telenovelas nacionais e reality shows e os resultados não poderiam ser pior.
Finalmente coloca de lado esta ideia e a estação recupera um pouco, especialmente na imagem.
Vemos que o sucesso em programas que são sua imagem de marca: as telenovelas brasileiras, o entretenimento e o humor.
No entanto, Nuno Santos, volta à carga fazendo das telenovelas nacionais a sua principal aposta, relegando as telenovelas brasileiras completamente para o ostracismo. E tem pago um alto preço por isso.
Volto a frisar a ideia de que a SIC tem que se reinventar e arranjar uma identidade própria, que embora tenha pontes comuns com a concorrência, precisa ter a sua própria marca.
Será o Nuno Santos o homem certo para este trabalho?
Até hoje, tem demonstrado apenas o contrário. Veremos o que o futuro reserva, e esse futuro será já na próxima rentrée.
Para terminar resta-me dizer que esta crónica estará de férias até ao dia 12 de Setembro.
Fiquem em Boa Companhia!
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Pois é do diálogo que surgem as melhores ideias.
Por Paulo Andrade
Nos últimos dias, o mercado de televisão nacional viveu dias de grande agitação e exaltação.
No topo da lista dos acontecimentos da semana esteve a transferência de Fátima Lopes da SIC para a TVI.
Completamente inesperado e sem nada que o fizesse prever a SIC perdeu o seu rosto mais emblemático e o último da era dourada da estação, depois das saídas de Jorge Gabriel, Catarina Furtado e Júlia Pinheiro alguns anos atrás.
O que esta transferência tem de trágico para a SIC, tem de glórioso para a TVI!
A TVI consegue de uma só vez resolver dois problemas:
1º Reforçar uma das áreas onde apresentava maiores fragilidades, pois era das três generalistas a que tinha menores opções para a apresentação de programas próprios; e
2º Privar a sua concorrente directa de um dos seus trunfos mais importantes na luta pelas audiências.
Fica agora a faltar um rosto masculino de igual peso para completar a oferta da estação na apresentação.
A SIC tentou reagir contratando a Cristina Ferreira, colega de Manuel Luís Goucha nas manhãs da TVI. Ironicamente, esta manobra de diversão, se ainda era possível, apenas agravou a situação da estação, pois para além de perder um dos seus activos mais importantes, ficou patente a falta de capacidade da SIC para atrair caras já consolidadas noutros canais. Fazendo com certeza baixar ainda mais a moral nos corredores de Carnaxide.
Não foi o único “não” que a estação aparentemente já recebeu. Pois, nos últimos anos surgiram alguns rumores de tentativa de contratação de algumas caras da RTP também sem sucesso.
Este é um dos dramas que asolam a SIC, chegar ao ponto onde existe maior vontade de sair do que de entrar.
Continuando na lista de novidades da semana, chegamos à confirmação do regresso do Big Brother, no ano que se comemora o 10º aniversário da sua estreia na televisão portuguesa.
O formato evoluiu bastante nos últimos anos e pode por isso ainda surpreender os espectadores neste regresso.
Eu espero que não haja nenhuma surpresa de última hora, como já tem sido noticiada na imprensa, que afinal não seria uma nova edição do Big Brother, mas sim a aposta num formato similar. Para além de não fazer qualquer sentido, tendo em conta a campanha promocional em antena na TVI, acabaria por defraudar as expectativas criadas, e com certeza a suas hipoteses de sucesso serão bem menores.
Para além das necessárias mudanças no formato em relação ao que é conhecido do público português, o modelo de exibição também deveria ser alterado. Penso que hoje em dia um tipo de cobertura tão exaustiva como foi feito em passadas edições dificilmente terão os resultados pretendidos. Seria preferível optar por algo mais contido e concentrado, para que o interesse do público continue focado e não acabe por esmorecer ao longo da sua exibição.
Esta rentrée pelos vistos ficará marcada por regressos de antigos programas.
A RTP1 também não quis ficar de fora desta moda e por isso já fez saber que a Operação Triunfo voltará no Outono.
Contudo, esta notícia leva-me a questionar mais uma vez o sentido de oportunidade dos responsáveis televisivos.
Qual será o fundamento para esta decisão, uma vez que a RTP1 irá colocar no ar um programa com um formato similar ao que a SIC irá oferecer no mesmo período?
É a reincidência nos erros do passado, estes sim não mereciam ter novas edições! No entanto, tem o privilégio da “renovação contínua”!
Por isso, espero que o público dê um rotundo não a este tipo de estratégia, como aliás tem sido tradição.
Por fim, para terminar a análise dos regressos do ano temos na SIC uma nova temporada do Ídolos já em Setembro, ao contrário do que foi noticiado aquando da finalização da última temporada. Uma pena, pois seria a estratégia mais correcta. No entanto, a situação complicada da estação nas audiências e não só, terão ditado este regresso precose.
Deste modo, iremos ter João Manzarra na apresentação do 3º programa do mesmo género consecutivo no espaço de um ano. Certamente irá bater algum tipo de recorde nacional.
Passando para outro assunto e que no entanto, pelo menos para mim, choca-me mais que qualquer caso comentando acima está a opção da RTP1 de colocar uma série brasileira em horário nobre diariamente.
O duelo entre produtos globais em canais diferentes já não se via desde a primeira metade da década de 90. E certamente poucos estarão desejosos por ver esta reedição que tem de tão desnecessário como de absurdo e só é compatível com uma gestão completamente disvirtuada e sem sentido.
Porquê este desejo doentio de imitação entre os canais nacionais? Por mais que me esforce não consigo compreender, por isso gostaria que os responsáveis fossem questionados sobre o mesmo para ver se conseguia algum tipo de justificação que não fosse a pura incompetência na gestão de cada uma das grelhas de programas.
Mas aparentemente os nossos jornalistas de televisão parecem não estar interessados neste tipo de perguntas. Espantosamente, estes raramente interpelam os responsáveis televisivos sobre os seus erros. É outra questão que de vez em quando me surge e que também certamente ficará por responder.
O que vale é que pelo menos inicialmente essa competição estará deslocada, uma vez que a SIC irá colocar para já a sua única telenovela da noite no latenight.
Certamente as telenovelas após a meia-noite são um fenómeno digno de um case study mundial!
Num outro episódio de estranhas coincidências, é a presença de mais uma telenovela juvenil no horário nobre da SIC durante o verão. Desta vez, coube a sorte a Lua Vermelha, série juvenil que já viu diversos horário de exibição, e que depois de relegada para o acesso ao primetime de domingo devido aos fracos resultados no horário destes dias, é agora chamada novamente ao horário nobre, mas dos dias útéis. Uma promoção que com certeza prestigia muito a série, mas será que esta prestigiará a estação com bons resultados?
Vemos por tanto a história repetir-se depois de Floribella, Chiquititas e Rebelde Way. Apenas a primeira conheceu sucesso, tudo o resto sucumbiu ao fracasso.
Parece-me que Lua Vermelha asemelha-se mais às últimos exemplo.
E para agravar a situação vemos a SIC na mesma situação que precipitou a saída de Penim da SIC: a aposta falhada num produto juvenil que levou a SIC a mínimos no horário nobre.
No entanto, parece que desta vez Nuno Santos terá mais sorte, mesmo com piores resultados uma vez que a estação de Carnaxide e agora está mais condescendente, e até mesmo um 4º lugar já não é tão grave quanto possa parecer aos mais distraídos.
Já lá vão dois anos e meio desde que Nuno Santos assumiu a direcção de programas e a SIC continua longe de uma situação saudável. E parece condenada a manter-se neste estado enquanto os seus responsáveis persistirem na ideia de copiar a concorrência.
Quando chegou à SIC, Nuno Santos tentou fazer o mesmo que fez na RTP1. Não, não me refiro à recuperação da programação da estação, mas sim a colocar em prática o mesmo tipo de soluções programáticas, mesmo quando as realidades eram completamente distintas.
Logo não surpreendeu ninguém quando falharam.
Depois, tentou copiar a TVI, estratégia que ainda continua, no entanto, até agora ainda não deu frutos.
Como vimos ao longo da história da televisão esta estratégia copista nunca foi bem sucedida. Quando a RTP1 perdeu a liderança para a SIC, esta tentou copiá-la e foi sempre a descer.
A TVI também começa a imitar a SIC nos finais dos anos 90, mas somente quando aparece algo diferente como o Big Brother é que consegue passar para a frente, situação consolidada pelo sucesso das telenovelas nacionais.
A SIC tenta então copiar a TVI, apostando em telenovelas nacionais e reality shows e os resultados não poderiam ser pior.
Finalmente coloca de lado esta ideia e a estação recupera um pouco, especialmente na imagem.
Vemos que o sucesso em programas que são sua imagem de marca: as telenovelas brasileiras, o entretenimento e o humor.
No entanto, Nuno Santos, volta à carga fazendo das telenovelas nacionais a sua principal aposta, relegando as telenovelas brasileiras completamente para o ostracismo. E tem pago um alto preço por isso.
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