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Notícias Gerais SIC / Impresa

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Mensagem por Shivers Seg 27 Jan 2014 - 12:48

Eu normalmente sou fã das novelas de fim de tarde, mais light e com bons núcleos de comédia e considero Sangue Bom uma novela fraca. A história não me prendeu de inicio, e acabei por desistir de acompanhar...

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Mensagem por david silva Seg 27 Jan 2014 - 21:37

Eu vi apenas os dois episódios do inicio de Sangue Bom...mas a novela não me prendeu.

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Mensagem por LFTV Sex 31 Jan 2014 - 3:55

Eu normalmente gosto de ver novelas ás 19h, mas Sangue Bom a mim também não me prendeu. Não é uma novela tão fixe como Morde & Assopra, Caras e Bocas ou Ti Ti Ti.
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Mensagem por Shivers Sex 31 Jan 2014 - 12:04

LF escreveu:Eu normalmente gosto de ver novelas ás 19h, mas Sangue Bom a mim também não me prendeu. Não é uma novela tão fixe como Morde & Assopra, Caras e Bocas ou Ti Ti Ti.
...Ou "Cheias de Charme".  :coracao:
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Mensagem por Shivers Sex 7 Fev 2014 - 14:45

Notícias TV escreveu:
Pedro Norton: "Vamos ser os únicos a faturar mais em 2013 do que em 2012"

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Benfiquista assumido, diz que desejou o afastamento das águias da Champions, para que a Liga Europa ganhasse importância na SIC. É informal mas inflexível: quem vai para a SIC "tem de pensar em liderar". Por isso, não esconde: já esperava ter Júlia Pinheiro a ganhar a Goucha e a Cristina Ferreira.

Confesse-me lá: Berg, Mariana ou D8, quem é o seu preferido?

[surpresa] Bem, começamos bem. Confesso que não estou a perceber a sua pergunta.

Não vê o Factor X ao domingo...

[sorriso] Não vejo o Factor X? Não, não vejo com a regularidade que devia, não.

Se visse, saberia que estes três nomes que lhe disse são os dos finalistas do programa...

Vi os primeiros episódios com a família e depois confesso que não tenho acompanhado com a devida atenção.

Não é o seu estilo, já sei...

Já uma vez lhe fiz esta confissão. E repito. Vejo televisão aqui durante o dia pelas razões óbvias. Vejo normalmente os primeiros programas que estreamos. Mas em casa dedico-me àquilo que verdadeiramente gosto de fazer, que, para além de estar com a família, é, como sabe, ver cinema. E vejo muita informação. Portanto, para lhe ser completamente honesto, não, não vejo o Factor X. Mas os meus dois filhos veem o programa regularmente.

Podia ter-se aconselhado com eles antes de vir para esta entrevista...

[risos] Pois devia, já sabia que me deveria calhar uma provocação destas logo no início [risos]. Deveria era tê-los trazido para lhe responder.

Imagine um cenário hipotético: se um produtor lhe batesse à porta com a Casa dos Segredos na mão, comprava, sabendo o impacto que ela teria do ponto de vista mediático, de audiências e comercialmente?

[pausa] Bem, normalmente, as produtoras não me aparecem aqui à porta, porque temos uma direção de programas. Mas para não fugir à sua questão, eu respondo. Não é tanto o género reality que eu acho que seja inconcebível para a SIC. O programa em si, e a forma como ele é executado, é que pode encaixar ou não encaixar nos valores da estação. Esse não encaixava.

Portanto, não comprava uma Casa dos Segredos?

Assim colocada a questão, não.

Mesmo com tudo o que sabe de potencial comercial e de audiências da Casa dos Segredos?

Há programas que podem encaixar noutros perfis de estação, mas não no da SIC. Não está no nosso ADN.

Há limites?

[pausa] Os limites que possam existir devem ser autoimpostos. Cada um deve saber que perfil de estação quer ter, para que tipo de públicos quer trabalhar e ser coerente numa estratégia de médio e longo prazo. Portanto, no limite há várias estratégias possíveis e todas elas legítimas. No perfil da SIC, a Casa dos Segredos não encaixaria.

Mesmo que trouxesse consigo audiências relevantes e receitas comerciais apetitosas...

Uma decisão dessas não pode ter apenas em mente os números. Há que ter em conta a estratégia da empresa e o seu posicionamento no mercado. Nós temos uma noção muito clara dos públicos para quem queremos trabalhar.

O mercado mudou muito nos últimos anos...

É verdade, sociologicamente houve grandes transformações na sociedade portuguesa. O público do day time não é o mesmo hoje do que era há cinco anos, porque o seu perfil mudou, há muitos desempregados, e isso veio mudar as lógicas habituais. Hoje, à hora de almoço, não são só as mulheres e as classes C e D que veem TV.

E, mesmo assim, acha que a programação da SIC é adequada aos públicos a que se dirige?

Mesmo assim, sim. Em especial este ano que passou a programação da SIC foi particularmente ajustada ao perfil de espectador que temos. E respondo-lhe porquê. Não havia mercado publicitário para ir a todas as frentes e nós tomámos uma opção muito clara que, há dois anos, foi muito arriscada: que foi investir o grosso dos nossos esforços e do nosso dinheiro no horário nobre e no ataque àquilo que era a maior força do nosso principal adversário...

... a ficção.

A ficção, sim. Porque, num contexto de grande escassez de dinheiro no mercado publicitário, sabíamos que era nesse horário e nesse tipo de público mais diferenciado que estava o grosso do investimento publicitário.

Foi, aliás, essa a receita de José Eduardo Moniz para montar a TVI que conhecemos hoje...

E era aquela que naquele momento nos fazia sentido. Se você recuar dois anos, fará justiça de reconhecer que não acreditava que passados dois anos a SIC estaria neste patamar, a produzir ficção ao nível do que está, a produzir a novela líder em Portugal. Isso era impensável. Foi uma estratégia arriscada, mas que nos obrigou a ser resilientes, a insistir, a sermos humildes para aprender, a procurar as parcerias certas. Mas chegamos a esta altura e sabemos que compensou, fazendo-nos ganhar o prime time aos dias úteis, ganhando o prime time nos targets comerciais. E com uma larga distância sobre a TVI: estamos a falar de oito pontos percentuais de diferença.

Esse caminho teve retorno do ponto de vista comercial?

Sim e ou muito me enganarei ou posso dizer-lhe que a SIC e a TVI terão faturado em publicidade valores muito próximos. Isto era algo que não acontecia provavelmente há dez anos.

Precisamente aos domingos à noite, depois do Factor X, vem aí outra vez o Vale Tudo. A SIC está em... Plano Inclinado?

[risos] Em Plano Inclinado porquê?

Está a descer consecutivamente desde setembro: está abaixo dos 20 pontos, perdeu a liderança do prime time...

Há um ano e tal quando me entrevistou e eu disse que a SIC estava a inaugurar o ciclo da liderança, o Nuno perguntou-me se eu não estava a deitar foguetes antes da festa. Agora que há uma ligeira oscilação, já está a querer que eu baixe os braços?

Eu? Longe de mim essa ideia. Mas não é uma oscilação tão ligeira. Nas contas finais do ano conseguiu 21,1% de quota de mercado. Em setembro, a SIC registou 20,7%. De lá para cá tem vindo a cair e fechou janeiro deste ano com 19,1.

[pausa] Vamos ser factuais...

... é o que eu estou a ser, factual.

É evidente que há oscilações ao longo de um ano e por várias razões. É verdade que a concorrência não tem sempre a mesma oferta. Goste-se ou não se goste da Casa dos Segredos, é evidente que a TVI está com um produto forte. Que ainda por cima faz três linhas de programação: o acesso ao prime time, o prime time e o late night. Os calendários das competições desportivas também não são indiferentes. A TVI beneficiou da Liga dos Campeões e da presença do Benfica e do FC Porto na competição. Agora, vai inverter-se e vão as duas para a Liga Europa, cujos direitos são da SIC...

Presumo que, mesmo sendo benfiquista, tenha ardentemente desejado que o Benfica não se apurasse na Champions...

[gargalhada] Desejei mesmo. E, acredite, foi um dilema de consciência grande, mas era muito importante para a SIC que o Benfica viesse para a Liga Europa.

A SIC é mais importante do que o Benfica...

[brinca] Bem, bem, também não coloque as coisas assim... Mas como eu, sendo realista, também não acreditava que o Benfica pudesse fazer uma carreira fulgurante na Liga dos Campeões, preferi não alimentar expectativas. O Benfica está muito bem na Liga Europa. Até porque está na SIC. Portanto, esse ciclo das audiências também vai mudar, a Casa dos Segredos também vai acabar e as próprias estações do ano não são indiferentes ao desempenho das estações.

Portanto, não está preocupado?

Preocupado com tudo o que se passa na SIC estou sempre, mas não acho nada que estejamos num plano inclinado.

Exatamente há um ano, em janeiro de 2013, a SIC chegou aos 23,7% de share. E agora teve 19,1. Foi só mérito da concorrência?

Deixe-me olhar para esses números com uma outra perspetiva. Nós fixámos como objetivo principal a consolidação e a liderança do prime time em 2013.

Desde outubro do ano passado, a SIC já não vence o prime time...

Sim, foi a tal conjugação de fatores de que lhe falei. Mas se vir os números da última semana de janeiro, já se nota de novo um crescimento da SIC em horário nobre. Atenção, eu tenho plena confiança no trabalho que está a fazer-se nesta casa.

A TVI também diz o mesmo [risos]...

A outra conheço menos bem, como calcula. Sem fazer futurologia, não tenho a menor dúvida de que quando tivermos uma conversa no final de 2014 eu vou ter razão: a SIC vai liderar o prime time nos dias úteis. Não tenho a menor dúvida: vamos consolidar a nossa liderança.

Olhe que a TVI tem fortes argumentos...

Tem?

Tem, vem aí mais uma edição de A Tua Cara não Me É Estranha, cujas edições anteriores lideraram sempre. Vem aí o Masterchef, vem aí o Rising Star, e deve vir aí mais um Big Brother ou uma Casa dos Segredos...

Na media do ano, nos dias úteis, nós consolidaremos a nossa liderança em prime time. Estamos completamente focados nisso.

O fim de semana é menos importante?

Não é menos importante, e não temos tido um mau comportamento aos domingos. Aos sábados é que tem sido mais difícil.

Durante os primeiros meses da era GfK, a concorrência (TVI e RTP) sublinharam, velada ou diretamente, que a SIC estava a ser beneficiada pelo novo painel. Afinal, em que ficamos? A SIC está a ser beneficiada no prime time e prejudicada no day time?

Eu sempre disse que a SIC não estava a ser beneficiada e, portanto, mantenho a minha posição. Sempre disse a mesma coisa.

Mas segundo a RTP e a TVI, as mudanças do painel provocaram uma sub-representação do público mais velho. Isso não pode ter prejudicado a SIC no day time?

[Prontamente] Esse foi debate que animou este sector de forma virulenta durante vários meses. É um debate que está fechado, o sector está pacificado. Acho que não vale a pena reacendê-lo. Hoje há um consenso generalizado pelo trabalho que está a ser feito pela GfK.

A GfK é credível?

Claro que é. Não tenho dúvida nenhuma.

Qual é o seu grau de influência no dia a dia da SIC? É um CEO muito presente? Preocupa-se mais com os números ou também tem ideias sobre os conteúdos?

Tenho muito confiança na equipa que tenho abaixo de mim, mas tenho uma característica de que, enfim, já dei provas ao longo do tempo: sei tomar as decisões difíceis quando tenho de as tomar. Enquanto trabalho com as pessoas, faço-o numa base de lealdade e confiança e dou-lhes uma base de autonomia razoável. O que não quer dizer que não tenha opiniões e em alguns momentos, reconheço, opiniões fortes.

Portanto, também dá palpites como o seu homólogo da RTP?

[risos] Sim, não me coíbo de dar as minhas opiniões. Apesar de reconhecer que tenho na minha equipa pessoas que sabem mais das áreas que tutelam do que eu. Não me vai ver a discutir temas tecnológicos com opiniões muito vincadas com...

... com o Lourenço Medeiros, por exemplo.

[gargalhada] É difícil, é difícil ter uma discussão dessas. Mas quando tenho opiniões, dou-as.

2013 não foi ainda um ano de recuperação do mercado, mas pelo menos a queda abrupta estancou. A Impresa fechou o ano com resultados positivos, que só vamos conhecer dentro de um mês. A SIC foi determinante nesses resultados...

Foi, foi. Vamos ter um resultado francamente bom, acima das expectativas do início do ano. Nós não assistimos a uma recuperação do mercado publicitário. O mercado publicitário nos canais generalistas caiu no ano passado 10%. A SIC ganhou, porque conquistou o prime time e os targets comerciais mais atraentes, uma quota de mercado publicitário muito expressiva. Isso permitiu chegar ao final do ano com o crescimento da faturação publicitária.

Apesar dessa queda de 10% de que fala.

Somos o único operador que vai conseguir chegar ao fim de 2013 a faturar mais do que no ano anterior. E isso deve-se, não a qualquer ajuda do mercado mas à nossa estratégia.

Até setembro do ano passado, os últimos valores conhecidos eram 123 milhões de faturação publicitária...

Você tem os números de cabeça, eu não os tenho. Mas admito que seja à volta disso. E, repito, não posso dar-lhe ainda números completos de 2013. Mas, e isso é o essencial. Vamos crescer em receitas publicitárias num ano em que o mercado caiu 10%. Se há coisa que fizemos bem no último ano e meio foi uma gestão muito rigorosa. No limite, cortar toda a gente sabe fazer. É a questão de sermos mais ou menos brutos. Toda a gente sabe. O que é fundamental é cortar e crescer, aumentando quota de investimento publicitário e aumentando share nos horários mais interessantes.

Para os 123 milhões de euros de receitas da SIC nos primeiros nove meses de 2013 contribuíram para lá da publicidade e da subscrição de canais, as "outras receitas", item que subiu 62,6%. Estamos a falar de chamadas de valor acrescentado (IVR)?

Estamos a falar de muita coisa, mas sim, os IVR estão aí presentes.

Os IVR é uma área cada vez mais fundamental para os operadores televisivos?

Sim, é. Mas se recuar dez anos, e o Nuno já cá andava, como eu [sorriso], lembrar-se-á de que as televisões privadas generalistas dependiam 100% do mercado publicitário. Nós sempre tivemos muita clara a ideia de que isso era perigoso e que era importante diversificar as fontes de receita da estação. A SIC foi a primeira a apostar nos canais temáticos e tem muito que ver com isso, com a necessidade de diversificarmos receitas. Apostámos muito no mercado de TV por assinatura e hoje somos de longe o maior operador de televisão por cabo em Portugal, o que representa cerca de 25% das nossas receitas. Apostámos a sério na internacionalização dos nossos conteúdos. A SIC está hoje presente com quatro dos nossos canais em 14 países a atingir cerca de dez milhões de portugueses fora de Portugal.

Quanto é que esse negócio representa no volume de negócios da SIC?

Não lhe vou dar números, mas digo-lhe que é um valor nada negligenciável. Respondendo à sua pergunta, os IVR são mais uma linha de receitas que se insere nessa estratégia. É uma fonte de receita interessante, admito.

É por isso que a SIC mantém no ar há sete meses um programa como o Portugal em Festa, que faz mais ou menos metade das audiências da concorrência e que, inclusivamente, tem menos espectadores do que tinha o cinema ao domingo?

Não. Precisávamos levar a estação ao país real e a um contacto mais direto com as populações. Lançado um programa, é óbvio que vamos tentar explorar todas as receitas que possam estar ligadas a ele, sejam a venda dos conteúdos internacionais, sejam o productplacement, sejam os IVR.

Mas o Portugal em Festa foi pensado inicialmente para três meses, depois foi prolongado, agora voltou a ser prolongado até ao verão. Não foi pelas audiências...

[pausa] Nós tínhamos uma dúvida que era saber se fora do verão havia condições e capacidade para mantermos um programa destes.

Bem, a TVI já tinha dado a resposta a essa pergunta. O Somos Portugal está no ar desde 2012.

Pois, mas nós é que nunca tínhamos feito um programa assim.

E está contente com os resultados?

[longa pausa] Tem havido alguma progressão, mas é também um dos horários em que queremos fazer algumas mexidas e introduzir algumas melhorias. Queremos melhorar as performances de domingo. É importante crescer ao domingo à tarde.

Como é que o vai fazer?

Temos ideias, mas não as vou revelar agora.

Mas passa por mudar os apresentadores?

Estamos em fase de estudo.

Muito bem, falemos de ficção, uma das áreas que reconhecidamente está a correr bem na SIC. Vai querer produzir mais do que uma novela por ano?

Vou dar-lhe uma resposta categórica: sim, queremos. Agora vamos contextualizar. Fizemos um percurso na ficção que foi arriscado. Tanto a nível económico e financeiro como pela inexistência dentro de casa do know how técnico que existia à época na TVI. E foi preciso fazer um percurso que era impensável há dois ou três anos. Neste momento temos todos a convicção de que temos dentro de casa a técnica, a experiência, o talento e a competência que fazem de nós o melhor produtor de ficção portuguesa.

Agora sim, foi categórico...

[risos] Tem dúvidas?

Estou aqui para fazer perguntas...

[sorriso] É verdade, eu sei. Temos consciência da importância da ficção para a fixação de públicos nos horário nobre. Portanto, a resposta é sim, interessa-nos ter uma segunda novela portuguesa. Com todo o rigor, não sei se isso vai ser possível já este ano. Talvez venha a ser, mas não me posso comprometer. Vai depender do mercado publicitário.

Sol de Inverno é melhor que Dancin" Days?

Em termos de resultados, eles são conhecidos. Sol de Inverno tem um excelente comportamento, é líder de audiências, é a novela preferida pelos portugueses.

A SP Televisão está para a SIC como a Plural está para a TVI?

A relação é diferente até do ponto de vista organizacional. A nossa vantagem em relação à TVI é que a relação que temos com a SP é mais flexível do que a da TVI com a Plural. Eles têm uma produção in house. A SIC, se tivesse uma produtora in house, não teria conseguido gerir com a mesma eficácia a sua estrutura de custos ao longo destes dois anos e tal. Posso ter só uma novela de ficção nacional no ar e apostar numa segunda quando isso for possível. A TVI não pode dar-se a esse luxo, porque tem uma estrutura e uma linha de montagem muito mais exigente.

Portanto, a SIC não quer ter uma produtora no seu grupo...

[pausa] Queremos sobretudo estar concentrados na produção artística e não necessariamente na produção industrial. Essa não será uma proposta estratégica, o que não quer dizer que, por razões de natureza financeira, não o possamos vir a fazer. Mas essa é uma decisão que tira muita flexibilidade à estação de televisão.

Como se está a ver com a TVI, obrigada a redimensionar a Plural...

Precisamente. Esse ajustamento que a Plural está a fazer e foi obrigada a fazer nós não fomos. Ou melhor, fomos cá dentro de casa, mas sem uma produtora in house.

O reforço do António Parente, dono da SP Televisão, no capital da SIC não torna um bocadinho inevitável esse caminho?

Não, não. Pode perguntar ao António Parente, mas se há coisa que eu faço com algum jeito é distinguir muito bem na minha cabeça o que é acionista do que é fornecedor. Temos uma relação muito leal nesse aspeto.

Mas será a SP Televisão a criar a tal segunda linha de ficção na SIC?

Não está decidida a criação dessa segunda linha, mas se isso vier a acontecer, dado o percurso conjunto que fizemos e se o conseguir fazer em condições competitivas, é natural que venha a ser a SP a fazê-lo. É importante privilegiar relações de confiança de médio e longo prazo.

As chamadas relações estáveis...

É verdade. Há sempre momentos em que uns precisam mais de outros e vice-versa e eu acredito muito no valor da confiança entre as pessoas e as instituições. Temos criado uma relação de confiança com a SP e, o facto de ser nossa acionista, obriga-nos a um escrutínio maior.

À luz dessa relação estável que fala entre a SIC e a SP, como é que, sendo o CEO da SIC, se sente quando vê que Ruy de Carvalho ou António Pedro Cerdeira reforçaram Bem-Vindos a Beirais da RTP?

A SP está no mercado...

Há algum incómodo nisso?

[silêncio] Acho que tenho a obrigação de não me incomodar com isso.

Foi uma resposta ponderada da sua parte.

Bem, ou eu quero comprar uma produtora e garantir a exclusividade do seu trabalho para ela, pagando por isso, ou se não o faço tenho de aceitar que ela esteja no mercado. Mas nós estamos bastante satisfeitos com os nomes que temos tido nas nossas novelas.

Muito se tem falado de uma eventual venda da RTP Meios de Produção. E uma das empresas que se diz estar interessada é precisamente a SP de António Parente. Se esse negócio avançar e se concretizar, vê alguma incompatibilidade com a presença de António Parente na SIC?

Tanto quanto sei, isso está muito longe de se concretizar e ainda mais indefinidos estão os moldes em que se concretizaria. Em última análise, isso dependeria dos moldes em que acontecesse. O que posso dizer é que o António Parente sempre teve a gentileza de nos manter a par das suas movimentações e esta lealdade conforta-me.

Quando lhe perguntava se Sol de Inverno é melhor do que Dancin"Days, não era para testar o que sabe sobre novelas...

[interrompe] Coisa que você gosta [risos]

Gosto, mas desta vez não era. Em minha opinião, Sol de Inverno é melhor do que Dancin" Days. Isso significa que a SIC aprendeu depressa com a Globo?

Eu diria que a SIC tem hoje um conhecimento substancialmente superior ao que tinha quando começou a sua relação com a Globo. Isso não nos inebria nem nos faz esquecer a relação histórica que sempre tivemos com a Globo.

Em 2010, a SIC e a Globo assinaram um acordo de coprodução para a produção conjunta de duas novelas, Laços de Sangue e Dancin" Days. O acordo terminou?

Foi renovado e haverá mais coproduções.

Esteano?

Tenho boas razões para acreditar que vamos voltar a trabalhar com a Globo. Ainda nada está fechado, mas é a minha convicção.

Fala-se muito da importância que a Globo tem para a SIC, e isso é visível com as quatro novelas brasileiras que estão no ar. E a SIC tem sido importante para a Globo?

Nós somos o maior cliente internacional da Globo. Mas, mais uma vez, cultivamos com a Globo relações de longevidade e de confiança, que refletem muito a nossa maneira de estar no mercado. A parceria com a Globo, seja sob a forma de compra de novelas, que obviamente continuará, seja sob a forma de coproduções, é claramente para continuar.

Mudemos de assunto. Como é que pode a televisão generalista tornear aquilo que é a lenta mas inexorável erosão das suas audiências, aliás, à semelhança do que aconteceu nos outros países da Europa?

Os hábitos de consumo mudaram muito ao longo dos últimos anos e não tem que ver só com a transferência do free-to-air para os temáticos. Isso obriga a um repensar da forma como se gere uma empresa de TV free-to-air, que tradicionalmente sempre esteve baseado num modelo de negócio muito simples, que era ser dono de uma parte do espetro. Era a única forma de distribuir conteúdos. Esse modelo mudou e por isso é que lhe dizia que uma televisão, ou pelo menos a SIC, será cada vez mais uma produtora e menos uma distribuidora. Ou seja, queremos estar onde está esse crescimento e nós, há 12 anos que estamos também no cabo. Se lhe disser que 20% do consumo de 230 ou 240 canais por cabo em Portugal está em canais SIC, estou a dar parte da resposta a esse problema.

"Se não podes vencê-los, junta-te a eles"...

É um negócio como um todo, há que gerir. Dito isto, as notícias da morte da TV generalista são francamente exageradas. Não é isso que se tem demonstrado, a TV generalista continua a representar 60 e tal por cento do consumo da televisão como um todo. Mesmo quando vamos ver os temáticos, representam uns 90 por cento. Mais quantidade não quer dizer necessariamente mais dispersão.

A SIC Caras já arrancou, o que se passa com o anunciado segundo canal no cabo?

Bem, falou-se nessa hipótese, mas foi um projeto que não andou para a frente.

Portanto, não há negociações com a PT para nenhum outro canal para o cabo?

Negociações não existem, mas temos sempre ideias e discutimo-las com os operadores.

Sobretudo nesta fase em que cada um costumiza o que vê consoante os seus gostos, em que as pessoas compram mais conteúdos do que canais, faz sentido continuar a investir em canais no cabo? Como é que esse novo paradigma é compatível com esta velha forma de investir?

Da mesma maneira que acho que a TV free-to-air não morreu, a TV linear, os canais temáticos, também estão longe de morrer. Se há coisa que não vai mudar, por mais tecnologias que existam, é a preguiça humana e a vontade de chegar ao fim do dia e sentarmo-nos no sofá. Agora, no limite, isso combate-se se deixarmos de pensar em termos de distribuidor e pensarmos em termos de produtor e de ser o dono do seu património de criatividade. É essa a grande alteração de paradigma de uma empresa de media. As pessoas querem é ver conteúdos bem produzidos e a guerra vai-se fazer no campo de quem os conseguir produzir e controlar os seus direitos económicos de maneira mais eficiente. Isto excluindo a Informação.

Já agora, como tem assistido ao crescimento, nos últimos meses bastante consistente, da TVI24, que está cada vez mais próximo da SIC Notícias?

É um crescimento tão consistente como o da SIC Notícias.

Não é isso que as audiências dizem...

Desde que existe o novo painel da GfK, de 2012 a 2013, a TVI24 subiu 0,6 pontos de share e a SIC Notícias subiu 0,6 pontos de share.

Há dois anos, a diferença entre a SIC Notícias e a TVI24 era de dois pontos.

Não pode ignorar que a SIC Notícias foi uma das mais afetadas com a entrada da GfK. Com todo o à-vontade, não nego o bom trabalho que a TVI24 tem feito, ultrapassou a RTP Informação, tem bons profissionais, mas...

Não nega que há dois anos a diferença era de dois pontos percentuais e hoje é de três décimas?

Podemos comparar laranjas com maçãs ou laranjas com laranjas.

Estou a comparar laranjas com laranjas.

O que aconteceu desde 2012 até cá foi que as duas estações fizeram percursos de crescimento paralelos. Não nego mérito à TVI24, mas não me obrigue a ignorar os factos.

Não estou a pedir-lhe para os ignorar, nem sequer distorcê-los...

[interrompe] Neste período de análise, de facto as duas estações crescem, a TVI24 ultrapassou a RTP Informação, mas esse crescimento não foi feito à custa da SIC Notícias. Somos líderes incontestados dos canais de informação.

Já não tão incontestados como eram. É um facto que há uma aproximação gradual.

Não é um facto. Posso recorrer à minha cábula [pega numa folha com gráficos]... Posso não saber de cor os nomes dos concorrentes do Factor X, mas vou olhando para os indicadores de gestão com atenção [risos]. Portanto... em 2012, a SIC Notícias tinha 1,5 pontos de share e a TVI24 tinha 0.9. A SIC Notícias acabou 2013 com 1,9, subiu 27%. A TVI acabou com 1,3. A diferença é exatamente a mesma.

Está a falar-me de dados acumulados da média anual, mas são cada vez mais frequentes os dias em que a TVI24 ganha à SIC Notícias. Vai-me dizer que é por causa do futebol...

Estava à espera que fosse você a dizer, para não ser eu [risos].

Não acha legítimo?

Não tenho de ser eu a dizer isso.

António José Teixeira disse várias vezes que a TVI24 não é um canal de notícias, mas de futebol.

Pronto, ele tem razão no que está a dizer. Mas compete à TVI24 saber se a médio ou longo prazo está ou não a descaracterizar a sua oferta, não serei eu a dar palpites sobre isso. Se me disser que quando a TVI24 substitui a sua programação por dois jogos seguidos de futebol e tem resultados bons com isso, claro que tem. Mas não posso considerar isso uma estratégia sustentada de crescimento.

Será sustentada e estrutural se continuar a apostar no futebol.

Repito: crescemos 27% de 2012 para 2013. Se a TVI24, de hoje para amanhã, for uma coisa completamente diferente, a nossa resposta também será diferente. Neste momento não estou preocupado, Não gostaria de ver a SIC Notícias transformada num canal de futebol.

Bem, a SIC Notícias também usa e abusa do futebol, pelo menos do jogo falado...

Não estou a fazer um discurso moralista nem estou a dizer que isso não acontecerá nunca.

Não fecha essa porta?

Em absoluto não. Neste momento não me parece que seja uma estratégia sustentada.

A SIC tem informação de qualidade, sobretudo a não diária, sempre muito elogiada. Produtos como Momentos de Mudança e A Prova têm qualidade do ponto de vista informativo, estético. Revolucionou a informação em 1992 e volta a fazê-lo. Não era expectável que fosse líder na informação diária?

O que era expectável é que aquela que é a melhor informação fosse líder junto dos públicos-alvo, sobretudo junto daqueles que valorizam esse tipo de diferenciamento. E é.

Muito bem, mudemos de assunto: a guerra com a Ongoing, que durava desde 2009, chegou ao fim. Foi um alívio?

Foi.

Foi uma pedra no sapato difícil de resolver apenas do ponto de vista de gestão ou também pelo lado emocional?

[pausa] Para este grupo é muito importante haver uma base de controlo acionista claro, sólido, e com um conjunto de referências, valores e éticas que são património do grupo e nas quais os colaboradores se reveem. Não era possível existir este tipo de cultura com uma estrutura acionista de cariz completamente diferente. É muito importante não olhar para a comunicação social como um veículo instrumental, mas como um fim em si mesmo. Portanto, desse ponto de vista foi uma vitória muito importante. Para o Dr. Balsemão pessoalmente, mas também para o grupo Impresa e, se quer saber, para a sociedade.

Falava da necessidade de a Impresa saber quem são os seus acionistas. O que é certo é que o que foi agora alienado pela Ongoing foi de 23,13% do capital [rendeu 51 milhões de euros]. Contas feitas, é mais de 1/5 do capital da empresa que está disperso. A Impresa conhece todos os seus acionistas?

Isto segue as regras normais da CMVM, todos aqueles que têm participações qualificadas...

Nem todos têm.

Mas todas as empresas que são cotadas têm um conjunto de acionistas que compram e vendem e que nunca chegamos a saber quem são. Também não interessa porque não têm posições qualificadas. O que sabemos hoje em dia é que esses 23 por cento foram dispersos por um conjunto de fundos institucionais, todos eles muito credíveis.

Portugueses?

Os que não conhecemos não o são, mas isso revela sobretudo uma coisa que é importante e saudável para a Impresa, é que os investidores internacionais voltaram a olhar para Portugal com o mínimo de interesse.

A proveniência de capitais preocupa-o?

Tenho duas preocupações. Primeiro é importante saber, independentemente da nacionalidade, quem são as pessoas, o que é saudável. A proveniência, per si, não é um problema, mas em alguns sectores sensíveis a concentração numa única proveniência pode ser um problema a médio prazo, não o escondo.

"ESTAMOS A PERDER DE MANHÃ HÁ MUITO TEMPO. ESPERAVA JÁ TER CHEGADO À LIDERANÇA"

Quais são as expectativas em relação a Queridas Manhãs, agora que João Paulo Rodrigues se juntou a Júlia Pinheiro?

Fizemos um estudo de mercado sobre a programação diária e daí resultaram duas grandes conclusões: por um lado a vantagem da coapresentação, e por outro, entre os nomes que foram estudados, houve um que surgiu destacado, que foi o de João Paulo Rodrigues.

Foi o único?

Foi o mais destacado.

E o de João Baião? Sei que foi um nome muito discutido na SIC...

[pausa] Ai foi? No estudo, como lhe estou a dizer, o João Paulo Rodrigues foi o nome mais cotado e, por isso, foi a nossa opção.

E acha que vai ser uma mais-valia para Júlia Pinheiro?

Não tenho dúvida nenhuma de que vão "casar" bem. Mas, como você sabe bem, televisão é hábito, é rotina. Não estou à espera de resultados para daqui a 15 dias. Nós demorámos dois anos para ganhar o prime time. É evidente que quem vem para a SIC tem de vir com a ambição de liderar o horário em que trabalha. E acho que os resultados aparecerão nas manhãs, é para isso que ele para cá vem.

Mas tem uma meta?

Tem de ser sempre a liderança.

Sim, mas o Querida Júlia fez 220 mil espectadores em janeiro, o Você na TV fez 425 mil e a Praça da Alegria cerca de 170 mil. Estão muito longe da liderança...

Deixe-me dizer-lhe assim: o nosso ADN tem de ser de vencer. E, portanto, não tenhamos ilusões: a aposta na manhã é para liderar. Não estou à espera que essa liderança chegue dentro de dois meses, mas não me passa pela cabeça que a gente esteja a fazer investimento para ficar tudo na mesma e para apontar à liderança.

Mas já há três anos, a SIC fez um grande investimento nas manhãs, contratando Júlia Pinheiro à TVI. Três anos a perder, e a perder bem, não é muito tempo?

Sim, é muito tempo.

Não esperava?

Não, não esperava. Esperava já ter chegado à liderança.

O que é que correu mal neste processo?

Nem sempre se acerta em todas as decisões. Nós próprios não fizemos da manhã o nosso principal cavalo de batalha. É preciso ser justo com as pessoas.

A decisão de contratar Júlia Pinheiro não foi uma decisão certa?

Não é isso que estou a dizer. A Júlia Pinheiro foi uma excelente contratação da SIC, quer não só pelo que faz na manhã quer pelo papel que desempenha na estrutura diretiva da estação. Isso não está em questão.

Não estou aqui a avaliar qualitativamente o trabalho de Júlia Pinheiro, estou a falar de números, factos. Júlia Pinheiro é a estrela mais bem paga da SIC, veio, apesar do discurso humilde e cauteloso com que chegou a Carnaxide, com a marca de uma liderança que tinha na TVI. Não era expectável esperar mais? Não é difícil gerir internamente este incómodo?

[pausa] É a nossa obrigação. Nós temos de perceber o que se passa e para nós é claro que o problema não é a Júlia. Se não fosse assim, também não teria qualquer problema em tomar as decisões que se impunham. Assim sendo, é importante suportar as pessoas e afinar as coisas.

Suportar as pessoas?

Sim, não deixo cair as pessoas quando sei que elas são competentes.

Mas reconhece que era expectável esperar mais da Júlia-apresentadora?

[pausa] Mentir-lhe-ia se dissesse que não queria ter chegado mais longe. É verdade, queria ter chegado mais longe.

E da Júlia-diretora?

A Júlia-diretora tem tido um papel muito importante na estrutura da direção de programas. Como calcula, não testemunho diretamente a dinâmica no seio da direção de programas, mas é a perceção que tenho.

Já percebi que é um passinho de cada vez. Agora, são as manhãs. A SIC vai continuar a deixar as tardes em banho-maria?

Não, vamos lá ver. A tarde em 2013 foi prejudicada pelo facto de ter uma novela portuguesa em repetição à hora de almoço, que não foi um enorme sucesso, antes do Boa Tarde. Foi uma decisão norteada por questões estritamente financeiras.

Está a falar de Perfeito Coração, já foi substituída por Senhora do Destino...

Sim, e já com índices de audiências superiores e dá uma herança melhor ao Boa Tarde. E esse simples facto vai melhorar o programa da tarde.

Portanto, não haverá mudanças à tarde, é isso? Conceição Lino vai manter-se na condução do programa...

Não há nenhum plano em sentido contrário.

O Boa Tarde é cilindrado pela concorrência. E é-o há muito, há três anos e meio...

E então? Isso é necessariamente mau?

Não sei, diga-me o Pedro. Há dias em que o Boa Tarde tem 10% de share. Em dezembro houve uma tarde que teve 8%. A 26 de março do ano passado teve 7,4% de quota de mercado. Isto para uma televisão comercial não é desastroso?

Mas mais uma vez lhe digo que temos de ter noção dos recursos que alocamos a cada horário. E temos de saber exigir resultados diferentes a quem damos meios diferentes.

Portanto, a culpa não está na ligação entre Conceição Lino e o público, mas no coletivo e nos recursos alocados ao programa, é isso?

Acho que não está nessa ligação, não. Mas também lhe digo que a decisão sobre uma eventual mudança nas tardes agora não está em cima da mesa. As coisas têm o seu tempo. O grupo Impresa passou por situações difíceis e dolorosas.

E agora já pode investir?

É possível investir mais, seguramente. Mas os problemas não se resolvem despejando dinheiro em cima dos problemas. É possível investir mais, é possível ser mais ambicioso em algumas áreas, mas vamos continuar a nortear o nosso caminho por uma gestão muito rigorosa. Tenho de resolver os problemas que tenho com o dinheiro que tenho.

"O FINANCIAMENTO DUAL É UM PROBLEMA GENÉTICO DA RTP"

Acreditou mesmo que a RTP poderia vender aos privados jogos de Portugal no Mundial do Brasil?

Acho mesmo que é inconcebível que não o tenha feito. O mercado publicitário colapsou e a realidade de há cinco anos não tem nada que ver com a de hoje. Em 2012, num esforço de autorregulação louvável, as três estações conseguiram entender-se para a partilha do Europeu.

No Mundial de 2006, a SIC não partilhou os jogos. Em 2008, o Europeu foi da TVI.

Está a esquecer-se do que aconteceu entre 2008 e 2013. O mercado vale menos de metade do que valia. Pensar que os privados vão licitar 12 ou 14 jogos sem a seleção nacional e com base em licitações altas é não ter noção de nada.

A RTP também já disse que não aceita ingerências das privadas.

A RTP chama-lhe ingerências, eu chamo-lhe escrutínio. A RTP é uma empresa pública e os operadores privados têm o direito a defender-se de tudo aquilo que consideram práticas de concorrência desleal.

Não acha que a compra do Mundial pode ser um ato de gestão correto, transparente e legítimo, se o investimento tiver cabimento orçamental?

Se pensar que no modelo anterior, os portugueses tinham acesso aos mesmo número de jogos repartidos pelas três estações e que, no fim do dia, o erário público era menos carregado, explique-me lá qual a vantagem de um modelo em relação ao outro.

Acha que a tutela deveria intervir, como terá acontecido em 2004?

Nem me passaria pela cabeça que a tutela interferisse editorialmente na RTP.

Coloque-se do lado de gestor público: não queria o futebol para si? Se estivesse na RTP não comprava o futebol? Ou, como bom samaritano, partilhava-o?

Não tenho dúvida nenhuma de que teria optado pelo modelo de 2012.

Tinha pensado no dinheiro dos portugueses e na troika?

Mas não é a obrigação de um gestor público fazer isso?

Acha que a RTP está claramente apostada na concorrência?

Vem dando sinais disso.

Sinais que são preocupantes?

A RTP tem um problema genético, que não é da responsabilidade desta administração ou desta tutela, e que se arrasta há muitos anos. Esse problema genético chama-se financiamento dual. É financiada simultaneamente por fundos públicos e por receitas publicitárias e isso traduz-se, naturalmente, em alguma indefinição estratégica. As tutelas enunciam um conjunto de princípios lindos sobre a missão de serviço público, mas depois o esquema de financiamento dá um incentivo natural a todas as gestões de maximizar as receitas comerciais que tem ao seu alcance. Isto é o pior dos dois mundos para toda a gente.

O fim da Indemnização Compensatória e o aumento da Contribuição para o Audiovisual ajudou a clarificar as coisas?

Não. Quanto muito pode-se dizer que a CAV é um mecanismo de financiamento mais transparente, mas é dinheiro tão público como o que vem do Orçamento do Estado. Não haja ilusões, você e eu pagamo-lo ao fim do dia.

Há um ano não sabíamos o futuro da RTP, agora, pelo menos, há um rumo...

Tomada a decisão da não privatização, que acho ter sido a certa, penso que se pode perder a oportunidade de resolver de vez a indefinição crónica da RTP.

Essa é a sua perspetiva enquanto privado. Alberto da Ponte não achará.

Eu sou suspeito a falar, mas não estou a dar só a opinião do privado. Estou plenamente convencido de que vai ser melhor para a RTP quando um Governo tiver a coragem de a ter financiada apenas por dinheiros públicos. Vai ser uma RTP mais barata, mais alinhada com aquilo que é o serviço público...

E não ficará menos relevante?

Não vejo porquê.

No último ano a RTP desceu aos 11, 12 por cento de share e agora está a crescer ate aos 14,15, e quer chegar aos 22 por cento. O grau de relevância da RTP não se mede por audiências?

Depende da forma como se alcançam as audiências e da forma como definirmos o serviço público que queremos.

Ainda acha que é preciso definir o serviço público?

Não tenho dúvida.

Andamos há 20 anos a definir isso.

Eu não ando. Já o teria definido até, mas é evidente que se você me pergunta se a minha concessão de serviço público é uma RTP que luta afincadamente para ficar com a oferta do Mundial, oferta essa que qualquer privado estaria na disposição de financiar, respondo-lhe que não.

Faz sentido gastar recursos públicos a satisfazer necessidades que já são satisfeitas pelos privados?

Qual é então o modelo que defende para a RTP? Alternativo? Complementar?

Não sei exatamente o que é que quer dizer complementar. Quando o ministro diz que quer uma RTP como o grande regulador do mercado, julgo que está a dizer que quer uma RTP que sirva para suprir necessidades a que o mercado, por si só, não consegue chegar. Sim, a coesão nacional, a chegada às minorias. Essas são as questões consensuais. Depois há as que se situam na fronteira.

Acha que o Conselho Geral Independente vai resolver o problema da perceção pública de independência, ou para muitos a falta dela, em relação aos poderes políticos?

Acho que a ideia em tese é boa, a sua aplicação prática é que vai ditar a avaliação que se fará da política. É inevitável, nesse caso, perceber se as pessoas que constituem o tal Conselho Geral Independente são de facto à prova de bala. Se forem, é uma boa solução.

Haverá gente com esse perfil? Alberto da Ponte diz que não conhece um "animal" desses.

Não perdi a fé na humanidade dessa maneira.

"CRISTINA FERREIRA NÃO FOI OPÇÃO"

Investir em Cristina Ferreira teria sido uma boa opção?

Não, por isso é que essa opção nunca esteve em cima da mesa.

Em nenhum momento a SIC pensou em Cristina Ferreira para o seu day time?

Chamei a mim a aprovação formal de todas as contratações da SIC. Estou em condições de lhe dizer que nunca se discutiu o nome da Cristina Ferreira, ou que, em algum momento, alguém me tenha proposto contratar a Cristina Ferreira. Se me pergunta se eu controlo todas as conversas de café que existem na SIC, eu digo-lhe que não controlo. Nem me interessam. O que me interessa é que não há contratações nesta casa, muito menos sem cabimento orçamental predefinido, sem passarem por mim. Por isso sou taxativo.

Não há no day time da concorrência gente que gostasse de ver na SIC?

Não é isso que lhe estou a dizer. Não quer dizer que não reconheçamos imensos méritos nos profissionais que estão na concorrência.

Até a Cristina Ferreira?

A Cristina Ferreira e a muitos outros, seguramente.

O Pedro conhece esta televisão desde o seu arranque porque estava cá a 6 de outubro de 1992. Mas está há 15 meses como CEO, o que lhe dá um outro estatuto e uma visão mais 360º sobre este mundo televisivo. É difícil gerir os egos habitualmente associados aos artistas e ao mundo da televisão?

[pausa e sorriso] Difícil é, mas também é divertido. Eu gosto do que faço [risos]. Já estou habituado há muitos anos.

Mas na televisão há mais egos. Na Impresa, os egos não são tão exacerbados...

[arregala os olhos, faz uma pausa e sorri] Bem, já tenho lidado com alguns, já tenho lidado com alguns. Mas faz parte. A natureza do negócio é assim. Ego e talento vêm sempre um bocadinho a par. É preciso saber lidar com isso. Não me faz particular confusão lidar com eles, mas sim, é verdade, a televisão é um mundo de egos.

"NÃO SOU UM TIPO CERTINHO. NÃO ME PORTO SEMPRE BEM"

Continua a fazer o seu jogging no paredão de Cascais?

[risos] Você espia-me? Continuo. Em média, três vezes por semana. Já faço isto há alguns tempos e já com umas médias razoáveis [risos].

Portanto, as suas funções não lhe roubaram time quality?

Para uma pessoa não ensandecer tem de ter escapes e eu, além da família, tenho alguns que me permitem não ficar louquinho.

Entretanto, depois de nós falarmos, o seu Benfica já esteve para ganhar o campeonato e perdeu-o ao minuto 92, já esteve para ganhar a Liga Europa, e perdeu injustamente contra o Chelsea, já esteve para ganhar a Taça de Portugal, mas perdeu-a para o Vitória. Este é a última hipótese de Jorge Jesus, ou se fosse o CEO do Benfica já lhe tinha dado guia de marcha?

De maneira nenhuma. Devo ser o único benfiquista a pensar assim.

Jorge Jesus tem valor acrescentado?

Não tenho dúvida nenhuma.

Vai ao estádio ou nem por isso?

Vou.

É a sua catarse?

Sim. Sou muito irracional em relação ao futebol.

É o seu lado irracional?

Não sou um tipo certinho. Não me porto sempre bem [risos].

Nem usa gravatas. Há quanto tempo não usa uma?

Não sei... Uso volta e meia. Tenho aqui uma pendurada para as ocasiões de maiores desafios...

Não é fã de gravatas, mas sei que é de cinema. Qual foi o último filme que viu?

Não tenho ido ao cinema... O último filme que vi em casa foi O Anel dos Nibelungos, do Fritz Lang. São cinco horas em alemão...

A SIC podia passar, num sábado e domingo à tarde, em dois episódios, como fez com A Bíblia.

[risos] Vou sugerir.

Já viu os filmes nomeados para os Óscares?

Não tenho tido mesmo tempo para ir ao cinema. Vejo muitos clássicos em casa.

Podia piratear na internet...

Nunca pirateei nada, nem os meus filhos. Não os deixo, expliquei-lhes que era um roubo.

Portanto, não sabe quem pode ganhar os Óscares?

Não faço ideia.

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Mensagem por privado Sáb 8 Fev 2014 - 2:48

Esse ficou aziado por não ter o Mundial 2014...

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Mensagem por fab Sex 28 Fev 2014 - 20:51

Aqui na Zon de repente a SIC passou a Euronews, a RTP a SyFy e a TVI a TLC  [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] 
Aconteceu com mais alguém?

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Mensagem por john_123 Sex 28 Fev 2014 - 21:20

Yap, por aqui também...

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Mensagem por Carlos Teixeira Sex 28 Fev 2014 - 21:31

Por aqui tbm LOL ... que se tera passado?
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Mensagem por john_123 Sex 28 Fev 2014 - 21:32

Bug da zon, segundo foruns online canais descodificados ficaram disponíveis...

A Euronews passou a Hot Gold xD

Olhem se fosse parar à frequência de um dos primeiros quatro canais. Bronca!

E SIC N foi-se...

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Mensagem por Shivers Sex 28 Fev 2014 - 21:56

Aqui também tivemos direito a Sport TV1 e ao Hot Gold! Ahahaha
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Mensagem por Jnpc Sex 28 Fev 2014 - 22:02

Durou muito tempo? Será que se vai reflectir nas audiências amanhã?

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Mensagem por david silva Sex 28 Fev 2014 - 22:10

É bem capaz de se reflectir mesmo que de forma residual...

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Mensagem por Shivers Sex 28 Fev 2014 - 22:18

Uns 5 minutos, talvez...
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Mensagem por Jnpc Sex 28 Fev 2014 - 22:30

Ah. 5 minutos não é muito significativo.

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Mensagem por david silva Sáb 1 Mar 2014 - 0:00

Sim, sendo só 5 minutos nem impacto residual vai ter...

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Mensagem por Carlos Teixeira Sáb 1 Mar 2014 - 0:51

Foi mais que 5 minutos.. Quase o dobro...
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Mensagem por john_123 Sáb 1 Mar 2014 - 15:40

A única que deve ter sido realmente prejudicada é a SIC já que teve 30/40 min sem emissão.

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Mensagem por Jnpc Sáb 1 Mar 2014 - 15:44

john_123 escreveu:A única que deve ter sido realmente prejudicada é a SIC já que teve 30/40 min sem emissão.

Oi?
De que horas a que horas?

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Mensagem por miguel27 Sáb 1 Mar 2014 - 15:51

Na SIC foi uma coisa de 10 minutos, durante a exibição de Sangue Bom

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Mensagem por john_123 Sáb 1 Mar 2014 - 15:55

Jnpc escreveu:
john_123 escreveu:A única que deve ter sido realmente prejudicada é a SIC já que teve 30/40 min sem emissão.

Oi?
De que horas a que horas?

Eram 20.35 (para aí) e ainda tinha o som da globo premium e o ecrã preto na frequência da SICN. Não reparei quando voltou à normalidade.
 
(neste forum também confirmam o problema da SICN [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

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Mensagem por miguel27 Sáb 1 Mar 2014 - 16:00

Conheço quem trabalhe na ZON e o bug foi sensivelmente às 19h37. Tanto que não dá para fazer restart TV em nenhum programa que abrangeu o bug.

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Mensagem por Jnpc Sáb 8 Mar 2014 - 18:22

CM escreveu:SIC e TV Globo reforçam parceria

Depois de duas parcerias bem-sucedidas, ‘Laços de Sangue' e ‘Dancin' Days', canais vão coproduzir nova novela e outro produto não divulgado.

Depois de ‘Laços de Sangue', em 2010/2011, e ‘Dancin' Days', em 2012/2013, a SIC e a TV Globo estão a preparar novas coproduções, que deverão avançar ainda este ano. A primeira deverá ser uma novela, que, seguindo os moldes das anteriores tramas, deverá envolver ainda a SP Televisão, produtora responsável pelos produtos de ficção da estação de Carnaxide. O outro projeto continua no ‘segredo dos deuses'. A intenção já foi confirmada por dois dos principais responsáveis destas empresas: Pedro Norton, presidente executivo da Impresa, que detém a SIC, e Ricardo Pereira, diretor da TV Globo em Portugal.

Recorde-se que SIC e Globo assinaram, no ano passado, um novo acordo de parceria que permite ao canal de Pinto Balsemão ter exclusividade sobre a exibição de telenovelas da estação brasileira em Portugal. Além disso, a Globo reforçou, nos últimos anos, a presença no nosso país com a abertura de escritórios em Lisboa, que servem de ponto de partida da expansão da empresa brasileira para a Europa, e o lançamento de um novo canal na TV paga, que se juntou ao canal premium que a empresa já emitia. De resto, este canal já figura entre os mais vistos na TV por subscrição em Portugal.

Adiado continua o desejo de a SIC e a Globo abrirem uma produtora conjunta, devido à conjuntura económica, segundo fontes próximas do processo. Contactadas, SIC e Globo dizem que, para já, não podem avançar com mais pormenores sobre os projetos que estão a preparar em conjunto.

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Mensagem por LFTV Sáb 8 Mar 2014 - 19:03

Gosto que a SIC e a TV Globo continuem a parceria.
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Mensagem por Jnpc Sáb 8 Mar 2014 - 19:04

Que outro produto não divulgado será esse? Dá ideia que não é outra novela...

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Mensagem por david silva Sáb 8 Mar 2014 - 19:41

Será alguma serie?

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