Mar Salgado
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Fantastic Televisão :: TELEVISÃO :: SIC
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Re: Mar Salgado
Love escreveu:Alguém pode arranjar a entrevista?
Sim, sai com o DN/JN às sextas. Eu terei a revista, em último recurso poderei fazer um scan.
Shivers- Membro
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Data de inscrição : 15/03/2010
Re: Mar Salgado
Notícias TV escreveu:"Não faço elogios a mim própria"
por Tiago Henriques
Voltou a Portugal três anos após partir para Macau em busca de se "reinventar como atriz". Uma decisão arriscada, mas que não podia estar a correr melhor. Aos 31 anos, Margarida Vila-Nova diz que a sua vida é mais do que uma telenovela. E garante que o "namoro" com a SIC pegou. Já há projetos para voltar "em 2015 ou 2016".
O título provisório do seu atual projeto em televisão era Lágrimas de Sal. Dez meses depois de ter começado a gravar, já chorou o suficiente para dar origem a um Mar Salgado?
[risos] Por momentos quase que me afoguei a fazer esta novela. Ainda recentemente li o poema de Fernando Pessoa que deu título a este projeto e é engraçado como todas estas personagens, a atmosfera, o ambiente, em que estão envolvidas vão ao encontro da nossa identidade enquanto portugueses, enquanto setubalenses, que fazem parte desta história.
A sua personagem, Leonor, tem sofrido muito ao longo da história. Não está cansada de chorar tanto?
O cansaço faz parte do processo, e é natural, em dias mais intensos, que chegue mais esgotada a casa. Mas tenho tanto prazer em fazer esta personagem, esta novela, que acho que ainda não chegou o limite da criatividade ou da própria personagem. Às vezes, ainda estou a ler os episódios e a cada cena, a cada episódio, tenho ideias novas sobre aquilo que vou fazer, cada direção nova por que vou optar. Esta personagem, para mim, nunca se esgota.
É fácil sair do estúdio de gravação e deixar para trás todo este sofrimento?
Sim. Não tenho esse hábito, essa ideia de levar as personagens para casa. Se for um dia mais leve, vou menos cansada, se for mais pesado, vou mais cansada. Mas gosto muito de separar o trabalho da minha vida e gosto de ir jantar fora, ver um espetáculo de teatro, ler um livro. Eventualmente posso chegar a casa e ver um episódio, porque gosto de ir acompanhando e ver o que está a acontecer na história, mas não costumo levar a Leonor a passear [risos].
Como tem corrido esta experiência?
O balanço que faço é muito positivo, estou rodeada por uma equipa maravilhosa, que me respeita imenso, que cuida muito bem de mim. Sinto que somos uma verdadeira equipa, coesa. Atenção, isto não é novidade para quem faz novelas. São diariamente 12 horas de trabalho e cinco dias por semana. O sucesso deste projeto deve-se às pessoas que fazem parte dele e que todos os dias me ajudam a construir e a fazer que cada dia seja um novo desafio. Tenho a meu lado a Patrícia Sequeira [coordenadora de projeto e realizadora], que esteve comigo em Fúria de Viver, em quem tenho toda a confiança. De vez em quando reunimo-nos para ver o que está bem, o que está mal. E, por outro lado, a SIC tem também feito um trabalho muito sério ao longo deste projeto e protege os seus atores, os seus produtos. Os resultados são reconhecidos pela estação, e isso também nos dá motivação para continuar.
Sente o peso da responsabilidade de carregar esta novela às costas?
Não levo a novela às costas sozinha. Divido essa tarefa com os meus colegas. Quando cheguei a Portugal senti o peso de substituir a novela de prime time na altura, Sol de Inverno, em que também entrei. E de substituir duas atrizes muito talentosas pelas quais tenho o maior respeito e admiração, a Rita Blanco e a Maria João Luís. Eu própria criei a expectativa de substituir um produto sob o qual não queria desiludir as expectativas, nem as minhas nem as dos outros. E também havia a pressão de passar um ano longe de Macau... Era uma opção extremamente arriscada e não voltei para Portugal para vir brincar às novelas. Ou era para fazer à séria, ou não fazia. Não queria falhar, não me apetecia nada que corresse mal.
A verdade a que a nível de audiências, Mar Salgado tem corrido muito bem. É, desde a sua estreia, em setembro, o programa líder em Portugal. Esperava este sucesso?
Sou otimista e confiante e sobretudo tanto a Patrícia [Cerqueira] como a Gabriela Sobral [diretora de Produção] depositaram alta confiança e expectativa sob este projeto, anunciando-o como a melhor novela de sempre. Todas estavam confiantes, pela história, pelo argumento, pelos atores. Acreditavam no sucesso que Mar Salgado iria representar para a SIC. Apesar de tudo o que tem acontecido ao longo destes anos, fico muito orgulhosa de fazermos números muito significativos em termos de share e de rating, mas o meu trabalho não se prende a resultados. O meu trabalho não pode depender de um resultado.
Mas tem consciência de que são importantes.
Tenho consciência de que são importantes, mas quando parto para uma personagem não penso "esta novela é um sucesso, tenho de trabalhar um bocadinho melhor". Trabalho sempre, a minha fasquia é sempre elevada em relação ao meu trabalho. A partir daí, se os resultados forem positivos, tanto melhor.
Costuma estar atenta aos números?
Vou estando. Trabalhando em televisão, uma pessoa dificilmente não está atenta a isso. Só se não quiser, mas não é uma questão de querer ou não querer. O meu trabalho do dia-a-dia, o meu trabalho de casa não implica fazer uma análise sobre as audiências, mas estando a trabalhar em televisão é impossível não estar atenta.
O seu pai continua a ligar-lhe a fazer análises às audiências, tal como acontecia nos tempos da novela Mundo Meu, que fez para a TVI em 2005?
[risos] Quando são resultados simbólicos, liga-me, sim.
Mas hoje já percebe melhor os números do que há dez anos.
Sim, mas hoje se calhar tudo isto é menos significativo. Não quero ser mal interpretada. O sucesso, os resultados têm o valor que têm, e a partir daí a vida continua. Não nos podemos prender a resultados, até porque, e já assistimos a isso ao longo de vários anos, o sucesso de hoje não é o sucesso de amanhã. E o facto de estar a trabalhar hoje não significa que esteja a trabalhar amanhã. Não crio ilusões em relação a resultados.
"NÃO ME INTERESSA NADA DERROTAR OS OUTROS"
Esta novela destronou Jardins Proibidos, um dos primeiros grandes projetos de José Eduardo Moniz no seu regresso como consultor para a ficção do grupo Media Capital. A que é que lhe soube esta vitória?
O José Eduardo é alguém por quem tenho muito carinho. Mas sabe, de facto, não tenho jeito nenhum para jogar. Não vejo nunca uma vitória sob o outro, vejo sempre uma vitória sobre nós próprios... Não gosto de falar de vitórias, porque todos os projetos tem fragilidades e pontos bons e pontos maus. E quando digo isto falo de mim. Há dias simbólicos e importantes no que a audiências diz respeito, e nesses episódios consigo ver exatamente onde falhei como atriz. O sucesso de uma vitória, o resultado de audiências para mim não é uma vitória sob o outro, sobretudo quando falamos de pessoas que adoro, admiro e respeito imenso. Pessoas que me ensinaram imenso e que foram responsáveis por ter tido o percurso que fiz. Não sinto que tenha tido uma vitória sobre o José Eduardo Moniz, até porque esse tipo de vitória não me interessa absolutamente nada.
Ele não a quis ter do lado dele?
Não sei se quis. O convite que tive foi da parte da SIC para fazer este projeto. Já havia este namoro por parte do canal, não surgiu agora. Surgiu na altura de Sol de Inverno, em 2013. Voltando atrás, não me interessa nada derrotar os outros. Acho que quanto melhores forem os outros, melhores nós seremos. Só me interessa trabalhar para ser melhor. Não me interessa trabalhar para ganhar a A, B ou C. Não tenho jeito sequer para jogar Monopólio, portanto, veja lá.
A concorrência estreia este domingo A Única Mulher. Já teve oportunidade de espreitar algumas imagens?
Não. Vou guardar-me para o primeiro episódio.
Será a única forma de ganhar a Mar Salgado?
Porquê?
Jardins Proibidos não conseguiu, a Casa dos Segredos também não.
Ah, não sei. Espero e desejo que seja um bom produto, acima de tudo.
Na sua última novela, em 2011, a ficção da TVI era líder. Hoje é a ficção da SIC. Que diferenças notou agora que regressou?
Ai, eu não tenho jeito nenhum para estas entrevistas...
Não lhe falo apenas de audiências. Pergunto-lhe diferenças na forma de fazer novelas.
É diferente. Mas esse tipo de comparações não me fica bem fazê-las. Fui feliz em todas as produtoras em que trabalhei, com todas as equipas com que me cruzei, nunca me incompatibilizei. A minha memória se calhar já não está tão fresca, já tenho 30 anos, mas não me lembro de ter memória de me ter incompatibilizado com alguma produção, não tenho memória de ter feito algum projeto de que não gostasse, que não tivesse sido feliz. Só sou capaz de trabalhar se for feliz, se acreditar num projeto. Se não acreditar não aceito, e já recusei alguns projetos porque não me sentia capaz de ser feliz a fazê-los. Todo o meu percurso, seja na SIC seja na TVI, e, atenção que comecei na SIC...
... esteve também na RTP1, para a qual fez a série O Segredo...
Exatamente. Ao longo destes anos todos fui feliz em todas as produções em que passei, os diretores de programas com quem me cruzei sempre me trataram bem e acho que não me fica bem aos 30 anos comparar uma estação com a outra, uma produtora com a outra.
Como olha para ficção que se faz em Portugal?
Certamente que fazemos melhores novelas do que antes. Basta ligar a televisão e recuar cinco anos nas gravações do Meo [risos]. Claro que hoje atualmente produzimos com maior qualidade, com mais meios do que produzíamos há cinco anos. A tendência naturalmente que será essa. Espero eu que não exista um retrocesso na aposta que tem sido feita na ficção nacional. Já não fazia ficção para televisão há três anos, portanto tenho tantas outras preocupações que não me lembro de fazer análises deste tipo. Trabalhamos num mercado freelancer, já houve alturas com mais trabalho, com menos, com mais dinheiro, com menos. A única coisa que me preocupa é sentir-me viva e com energia para continuar a fazer mais.
O facto de a SIC criar uma segunda linha de ficção portuguesa, com a estreia da telenovela As Poderosas, no final de maio, é a prova de que os portugueses querem cada vez mais ver ficção nacional?
O que é que quer que eu lhe responda, diga-me lá [risos].
Aquilo que pensa.
Certamente que vai haver mais trabalho tanto para as equipas técnicas como para os atores, mas não faço avaliações de estratégia de grelha da SIC. Não faço ideia. Podem estar a fazer uma novela e daqui a seis meses a estratégia ser outra. Não sei como vai ser e nunca tive uma conversa sobre estratégias de grelha.
Devia haver mais séries feitas em português?
Acho que devia haver trabalho, ponto. Se tivermos brio profissional podemos fazer bem qualquer coisa. Uma série, uma novela, um telefilme. É importante haver diversificação, porque enquanto espectadora acho mais interessante que assim seja do que só um único objeto na televisão, mas amanhã apanho o avião e já não estou cá...
Quando a TVI fez a série Equador, em 2008, surgiu a informação de que teria ficado triste por não entrar nessa produção. Ainda guarda essa mágoa?
Olhe, ainda hoje não me lembro de nada disso. Não me lembro de ter ficado chateada, até porque nunca estive escalada para essa produção.
Nesse mesmo ano, integrou o elenco de A Outra e, no lançamento da trama, disse que aquela personagem não era o seu maior desafio em televisão, que o seu objetivo não era fazer um bom trabalho, mas sim um trabalho honesto. Arrepende-se de o ter feito?
Não. Se calhar porque não me ocorria que seis anos depois me fizessem essa pergunta. Se pensasse diria que teria de medir as palavras porque daqui a seis anos me iriam perguntar isto. Mas ao longo de uma carreira, de um percurso profissional, hei de ter personagens superinteressantes e outras que irão sempre destacar-se. A Maria Laurinda [da novela Tempo de Viver, em 2006] irá para sempre destacar-se como uma vilã, assim como a Leonor irá destacar-se como uma heroína. E não tem que ver com a dimensão, o ser protagonista ou antagonista, ou o papel secundário, ou participação especial. As personagens quando são boas, são boas. Não tem que ver com a sua dimensão. Claro que há personagens que se destacam. E é normal. Mas acredito que a personagem da nossa vida ainda não está feita, porque é isso que nos faz andar para a frente. Acima de tudo, acho que é importante uma pessoa manter o seu brio profissional e ser honesta com o que está a fazer para que não comprometa o trabalho de toda a equipa que está a ser feito.
Falou-me de Maria Laurinda, há também o caso da Rita, de Mundo Meu, outra personagem que lhe trouxe grande projeção. Como é que se explica que passados todos estes anos ainda sejam recordadas com tanto carinho pelo público?
Há personagens que ficam na memória. Mas essa pergunta tem de ser feita aos espectadores. Eu não sei. Lembro-me delas porque foram personagens muito intensas, muito fortes e por isso ainda hoje estão na minha memória. Deixa-me nostálgica, pensar que os espectadores ainda se lembram delas.
Hoje, ao olhar para a Rita, a sua primeira protagonista numa novela, o que sente?
Uma certa nostalgia, das pessoas com quem trabalhei, até porque estava ao lado da Maria João Bastos, uma grande amiga, de quem sou muito próxima. Foi a primeira novela assim com uma personagem de destaque. E, curiosamente, há pessoas dessa equipa que reencontrei agora em Mar Salgado e recordamos aquilo que tem que ver com outros tempos. Repare, na altura, tinha 20 anos. Há um lado de juventude, de inocência, de ingenuidade e também de espontaneidade que guardo sempre com carinho.
"FUI PARA MACAU PORQUE SENTI NECESSIDADE DE ME REINVENTAR COMO ATRIZ"
Mudou-se para Macau em 2011, após a novela Sedução. Durante este tempo, não recebeu mais convites para voltar à ficção nacional, além de Sol de Inverno e de Mar Salgado?
Não.
Sentiu que se esqueceram de si?
Não. A verdade é que quando me mudei deixei muito claro que tinha outros compromissos pessoais. Ia ser mãe [do filho mais novo, Dinis], tinha uma loja. Também não estava disponível para voltar. Não faço uma avaliação de negação ou rejeição. Pelo contrário. Tive uma reunião com a TVI, até porque nessa altura havia um contrato de exclusividade em vigor. Aliás, foi uma conversa bastante franca e honesta de parte a parte, porque eu tinha outras vontades.
O que a fez sair de Portugal nessa época? Era por já ter feito de boa, de má, de rica e de pobre em televisão?
Isso é o que costumo dizer, estava a tentar não repetir. Tive vontade disso. As minhas opções pessoais pesaram mais do que as profissionais, talvez porque profissionalmente senti necessidade de me reinventar como atriz, de encontrar novos objetivos.
Em que sentido?
Queria estar mais próxima do cinema, do teatro. Os projetos em televisão são sempre muito longos. Implicam muitas horas, grande dedicação, e naquela altura ainda não tinha chegado aos 30 e senti que tinha muitos anos pela frente. Senti que se não arriscasse naquela altura, não seria mais tarde que o iria fazer. E há sempre decisões de fundo que quanto mais tarde se tomam, mais difíceis se tornam, e depois acabamos por nos arrepender. No meu percurso televisivo já tinha feito tantas personagens... Àquela pergunta clássica "qual a personagem que gostava de fazer a seguir?", perante a personagem que estava a fazer, sentia que a próxima já a tinha feito. Não havia resposta, mas isso não quer dizer que não existisse. Tanto existe, que está aqui a Leonor, uma personagem que me fez voltar ao meu país. Mas naquela altura não havia. Ser atriz é um desgaste emocional. É um ioiô de emoções, de dedicação, de empenho, de grande esforço. E sempre trabalhei, tinha fama de trabalhar convulsivamente e encadeava um projeto a seguir ao outro. [A conversa é interrompida por uma popular, que aborda a atriz.]. Como lhe estava a dizer, acho estranho hoje haver gente que é capaz de encadear um projeto no outro sem respirar, sem uma folga. O nosso descanso não passa só por um descanso emocional, porque foi um projeto, um período muito intenso. Passa por nos reinventar-mos, por recuperar filmes, livros, espetáculos, a música, as viagens, os livros... Tudo isso são armas e fundamentais na construção das memórias de que um ator precisa. Pelo menos é assim que gosto de pensar. Considero-me uma pessoa livre. E acho que a maior liberdade que podemos ter é decidir que nos vamos embora no dia que quisermos. Há um poema muito bonito que diz que não há cordas nem amarras, da Sophia de Mello Breyner Andresen. É muito redutor pensar que a minha vida se resumia a um contrato de exclusividade com uma estação. Independentemente de qual for e dos valores pagos. A minha vida é mais do que uma novela. Até é mais do que ser atriz. Mesmo para ser atriz, preciso de ver outros mundos, conhecer outras coisas, senti-las.
Sempre quis ser mais do que atriz?
Sabe, acho muito limitado este padrão que se encontrou dentro da nossa sociedade e do nosso sistema de que só podemos ter uma profissão. Pode-se fazer tantas coisas. Posso reinventar-me profissionalmente sem que isso seja um problema, que não seja uma consequência económico-social do problema que estamos a viver. Ah, porque atravessamos uma crise vamos aqui encontrar uma solução. Não, independentemente das crises sociais, políticas, económicas, financeiras, para que não entre em crise pessoal preciso de ver outros mundos, viajar, criar novos projetos. Às vezes acho que faz mais confusão para os outros do que para mim. Houve muita gente que ficou surpreendida, sentiu um misto de orgulho e de rejeição. "Como é que é possível ela ir embora com uma profissão, uma atriz com um percurso?"
Mas não esquece o seu percurso.
Em nenhum momento nego o que fiz para trás. Aliás, é graças a ter feito tantas coisas que me deram prazer ao longo dos últimos anos que pude percorrer e traçar novos caminhos. Não me assusta nada estar entre Macau e Lisboa e, quando falou de Macau podia ser outro local. Hoje é Macau, mas amanha pode ser Moçambique, Brasil. Parar é morrer. A minha passagem por este mundo é maior do que viver num andar em Lisboa e gravar uma telenovela.
Como olha para o percurso que tem trilhado?
Não faço avaliações profundas. A palavra carreira é algo que não gosto de utilizar. Olho para o meu percurso e não me arrependo de nenhum projeto que tenha feito.
Mas mudaria alguma coisa?
Não mudava nada, porque tenho a certeza de que quando tomei determinada opção ou decisão foi a decisão ou a opção certa naquele momento, ou eventualmente a única possível. Há determinadas personagens ou projetos que condicionam às vezes o nosso percurso de vida ou profissional, que poderia ter estado mais próximo do teatro ou do cinema. Quando foram tomadas certas decisões foram as possíveis ou as certas, e em relação a isso não há espaço para arrependimentos. Pode haver é para uma reflexão, para pensar o que vou fazer depois. Olhando para trás, a única coisa que posso dizer é que tenho tudo pela frente para fazer ainda. Faltam-me os clássicos, os contemporâneos, os espetáculos que ainda quero fazer. E em televisão acho que ainda me vou divertir muito a fazer uma doida varrida. Ando a pedir uma há imenso tempo e ainda ninguém ma deu. A ver se é desta [sorri].
É muito crítica do seu trabalho?
Sim, sou péssima.
Portanto, para si, está sempre tudo mal.
Não, não. Reconheço quando acho que a cena está certa.
Sabe autoelogiar-se.
Não faço elogios a mim própria, mas reconheço quando o trabalho está certo ou que a cena está bem conduzida. A crítica é importante na medida em que for construtiva, ajuda a fazer melhor na próxima cena. Não sou uma pessoa infeliz, destrutiva, amarga, rancorosa. Nem me lembro de zangas ou de algum mal-estar que possa ter existido entre mim ou qualquer colega. Mesmo quando me faço uma crítica, nunca é pela destruição, é pela construção - "O que me falta fazer?" Se calhar tenho de ir estudar inglês, fazer aulas de dança, um workshop de voz, um estudo sobre mulheres no século XVIII, qualquer ponto que me ajude a construir a personagem ou a torná-la maior ou mais consistente. Irei sempre procurar uma solução. O trabalho de um ator é uma aprendizagem constante.
Não dá nada por adquirido.
Não dou nada por adquirido, como certo. Quando vejo que uma cena está certa, a personagem não está ganha, não está concluída, é como um espetáculo de teatro, pode estar muito bem feito um dia, no dia a seguir pode não correr tão bem. A graça desta profissão é esta aprendizagem constante. A minha profissão tem esta liberdade enorme de poder falhar, reconhecer que falhei e poder continuar a crescer e a fazer, experimentar. Chego a ter em plano 20 cenas num dia em estúdio. Não vou sofrer porque crio uma expectativa em relação às cenas. Isto tem de ser uma diversão, prazeroso. Temos espaço e liberdade para poder falhar dentro daquilo que esperam de nós e o trabalho que fizemos. Não vou pôr em causa o meu trabalho e o de toda a equipa técnica, mas sei que se tivermos as condições e a liberdade de poder arriscar, podemos tornar mais interessantes e mais arrojadas as nossas cenas.
Aos 24 anos dizia ser uma mulher insegura. A idade trouxe-lhe segurança?
Não. Sou naturalmente uma pessoa insegura, mas não vejo isso como um defeito, antes como uma característica. Aprendi ao longo dos anos a controlar a minha insegurança, para que isso não seja contraproducente. O medo e a insegurança fazem-me andar para a frente, não me fazem recuar. Aprendi a gerir isso no meu dia-a-dia e no meu trabalho. Perante um precipício, atiro-me. Não vejo como um problema.
Como é que percebeu que queria ser atriz? Foi o facto de ter dois produtores em casa que ajudou a que seguisse esta vida?
O facto de ter crescido rodeada de artistas, de produtores, de músicos, pintores, ajudou. Não foi só de atores, foi de artistas de uma maneira em geral. Podia ter sido encenadora, produtora, pintora ou cantora.
Teria de ser algo relacionado com arte.
Exatamente. Há famílias de arquitetos, de médicos. Faço parte de uma família de artistas. Quando é que uma pessoa percebe que quer ser atriz? Acho que vamos sentindo isso ao longo da vida.
E a Margarida começou cedo. Aos 5 anos já estava a fazer o filme francês Dede.
Sim. Aliás, fico doente quando algum jornalista publica que sou atriz desde os cinco anos, que tenho vinte anos de carreira.
Fique descansada, não quero que fique doente.
Fico possessa, porque acho que qualquer criança que represente com sete, oito, nove, dez anos não tem consciência da decisão que está a tomar. Quantas crianças não fazem as suas participações em variadíssimas peças de teatro, em cinema, e isso não faz delas atores, nem que sejam atores no futuro. Comecei a fazer pequenas participações muito jovem, mas esta decisão surge até na maioridade, quando acabei o liceu e percebi aos 17 anos, quando estava em Fúria de Viver, que era isto que queria.
É esse que considera o seu primeiro projeto?
Não considero o meu primeiro projeto, mas é a primeira vez que, conscientemente e de uma forma responsável, assumo a mim própria e para os outros que este será o meu primeiro caminho. Aluguei a minha casa, fui morar sozinha...
Foi a mudança da sua vida.
Foi a minha mudança de vida. Mas fiz muitas participações antes. Se não as tivesse feito enquanto era miúda, se calhar não tinha chegado aos 18 anos e tomado esta decisão. O meu percurso começa aos 17 anos, em Fúria de Viver. Curiosamente, foi no ano em que montei a minha produtora [Magnífica Produções] e fiz a peça Confissões de Adolescente.
É verdade que quando era miúda dizia que queria ser como a Alexandra Lencastre?
Como a Alexandra? [pensa] Conheço a Alexandra desde que eu era miúda e ela é uma referência para mim. É uma excelente atriz, além de ser uma extraordinária colega, de uma grande generosidade, de um grande carinho.
Ainda recentemente, a Alexandra Lencastre disse à Notícias TV que gostava de ser como a Margarida, porque "ainda tem uma carreira pela frente e consegue equilibrar de forma extraordinária a carreira profissional com a vida pessoal".
Ai que bom [sorri]. Aprendi imenso com a Alexandra. Ela para mim é uma referência como atriz e como mulher, como ser humano. Quando era miúda e a conheci, já era uma referência como atriz. Era uma superatriz, bem--sucedida, fazia bons filmes.
Falou-me da produtora que montou com a sua mãe. Foi fácil trabalhar com ela? Há quem diga que amigos amigos, negócios à parte...
Fez parte. Era o caminho mais fácil na altura. Aos 18 anos, sozinha, não seria capaz de o fazer, certamente. E a minha mãe teve um papel muito importante no meu percurso como atriz.
O que herdou dela?
Não sei [sorri], mas foi importante. Não teria feito a produtora sem ela. Quem é que tem primeiro a ideia, quem é que dá o primeiro passo? São papéis que se confundem na nossa relação e no nosso caminho, mas foi também a forma de sentir que me estava a emancipar enquanto atriz, enquanto mulher... a minha independência.
A verdade é que gosta muito de trabalhar em família. Também costuma fazê-lo com o seu marido, o realizador Ivo Ferreira.
É verdade. Por acaso discordo com quem diz "amigos amigos, negócios à parte". Adoro trabalhar com os meus amigos, com as pessoas por quem tenho o maior carinho, o maior respeito, a maior admiração. São as pessoas com quem me sinto segura, pessoas que vão sempre cuidar dos meus espaços, pessoas que amo. Se puder trabalhar próxima dos meus, irei sempre fazê-lo. E temos imensas surpresas ao longo da vida.
E depois de Mar Salgado, o que se segue?
A minha meta é terminar a novela e depois é regressar a Macau. Antes disso tenho também a longa-metragem Cartas da Guerra, que é uma adaptação das cartas que o António Lobo Antunes escreveu para a sua mulher, Maria José, enquanto esteve na Guerra Colonial. Tenho esse projeto em mãos ainda antes de regressar a Macau e depois tenho a personagem Maria, protagonista de uma longa-metragem realizada pelo meu marido, além do projeto Mercearia Portuguesa, do projeto Futura Clássica, do projeto A Distribuição, que temos. Já são tantas metas para o resto deste ano e o próximo... As metas têm de ser traçadas com alguma cautela e algum cuidado. Não gosto de ter deceções na vida, de ter demasiadas expectativas, falhar comigo, com os outros. Por isso vivo um dia de cada vez.
E voltar à televisão portuguesa não está nos seus planos?
Para já, a curto, médio prazo, não.
Vai voltar a ficar dois, três anos sem fazer novelas a tempo inteiro?
Não sei. No momento em que achava menos provável regressar a Portugal, foi quando surgiu esta novela...
O bichinho da representação não ficou?
A vontade sim, o namoro está feito. Há projetos em cima da mesa, vontade de todas as partes, tanto da SIC, como da minha, como da SP Televisão. Este triângulo, triângulo amoroso [risos] que se formou, e é comum a vontade de voltarmos a trabalhar todos juntos. Sem datas, sem compromissos, mas quem sabe para o ano ou daqui a dois anos.
Aos 31 anos, com o que é que ainda sonha?
Com mercearias, muitos espetáculos, muitos filmes, muitas viagens. Sou uma eterna sonhadora.
Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
MS começou hoje mais cedo. Episodio mais longo ou anteciparam todas as novelas?
FLP- Membro
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Re: Mar Salgado
Episodio mais longo...
Carlos Teixeira- Membro
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Re: Mar Salgado
A SIC cortou o intervalo depois do "Jornal", aumentou a duração de "Mar" e ainda atrasou "Império" para as 23h!
J.R.- Membro
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Re: Mar Salgado
Bento em altas, primeiro quando foi desmascarado e agora na cena do confessionário!! Ahahah
Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
Episodio Especial no próximo domingo!!!
david silva- Membro
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Re: Mar Salgado
"Especial"... Cof, cof...
Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
Mar Salgado é a novela Himalaia.. dá para o campo e dá para a praia!
Podiam experimentar tb a dar a novela diariamente das 10 as 13, para travar o VnTV, das 19 as 20 para travar o PC, das 14:45 as 19 para não fazerem 12% a tarde toda...ahhh e também domingo das 14 as 00:00.
Podiam experimentar tb a dar a novela diariamente das 10 as 13, para travar o VnTV, das 19 as 20 para travar o PC, das 14:45 as 19 para não fazerem 12% a tarde toda...ahhh e também domingo das 14 as 00:00.
FLP- Membro
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Re: Mar Salgado
aTV escreveu:Cláudia Vieira mantém-se em «Mar Salgado» até ao fim
Noticiado anteriormente, Cláudia Vieira aceitou integrar o elenco de Mar Salgado. Tendo já iniciado gravações, a atriz exclusiva da SIC interpretará Beatriz, uma ex-namorada de André Queiroz, personagem interpretada por Ricardo Pereira.
Segundo a revista TV Mais, o aparecimento de Cláudia Vieira na novela líder de audiências surgirá apenas no episódio 223. Sabe-se também que a sua presença manter-se-á até ao final da história.
De acrescentar que Cláudia Vieira e Ricardo Pereira contracenam juntos pela primeira vez na ficção nacional. «Temos os dois bom astral», garante o protagonista de Mar Salgado.
Jnpc- Membro
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Re: Mar Salgado
Quem vai casar?!
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Hoje foi dia de casamento!!!!! - Ana Guiomar
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Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
Esta novela continua a ser uma agradável surpresa mantendo um ritmo constante...
david silva- Membro
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Re: Mar Salgado
Sim, e não pára...
- Spoiler:
- Agora vamos ter a Amélia a drogar a filha, raptá-la e depois a tentar matar-se.
Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
Afinal a fotografia da Ana Guiomar era do
- Spoiler:
- "não casamento" da Rute e do Messias, pois ela vai deixa-lho no altar e foge numa motoreta de legumes, depois de descobrir que ele doou o seu dinheiro ao Vitória de Setúbal.
Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
Novo episodio especial de Mar Salgado no Domingo.
david silva- Membro
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Re: Mar Salgado
e no outro que vem tbm devera haver. AQSD so deve voltar a ficar sozinho na gala final...
Carlos Teixeira- Membro
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Re: Mar Salgado
agora que o formato de entretenimento está morto. logo no inicio, qd deviam ter colocado a novela como suporte, cagaram.
FLP- Membro
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Re: Mar Salgado
...no outro domingo que vem (5 Abril) já será a Gala final do "Achas que sabes dançar?"...Carlos Teixeira escreveu:e no outro que vem tbm devera haver. AQSD so deve voltar a ficar sozinho na gala final...
Vtv- Membro
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Idade : 42
Re: Mar Salgado
Acredito que só vão voltar a dar um especial este domingo para ajudar a compor a coisa devido ao jogo da Selecção na RTP1.
Jnpc- Membro
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Re: Mar Salgado
Vtv escreveu:...no outro domingo que vem (5 Abril) já será a Gala final do "Achas que sabes dançar?"...Carlos Teixeira escreveu:e no outro que vem tbm devera haver. AQSD so deve voltar a ficar sozinho na gala final...
Ta certo xD My bad
Carlos Teixeira- Membro
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Re: Mar Salgado
LOL @ fotoshop mal amanhado!!
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Shivers- Membro
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Re: Mar Salgado
No dia de Páscoa não devem transmitir Mar Salgado mas sim filmes.
Love- Membro
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Re: Mar Salgado
WTF isso é a capa mesmo da revista? LOOOL
Nick Name- Administrador
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Re: Mar Salgado
Nick Name escreveu:WTF isso é a capa mesmo da revista? LOOOL
É, hoje em banca!
Shivers- Membro
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Data de inscrição : 15/03/2010
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